MOBILIZAÇÃO

Interior cobra mais segurança nos trilhos

Presidente do bloco da Região Metropolitana de Campinas quer reunião com a ALL

Luciana Félix
12/09/2013 às 09:31.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:13
Moradores fazem trajeto por dentro dos trilhos no Parque Shalon, em Campinas (Gustavo Tillio/Especial para AAN)

Moradores fazem trajeto por dentro dos trilhos no Parque Shalon, em Campinas (Gustavo Tillio/Especial para AAN)

O elevado número de acidentes envolvendo trens de carga que cortam os municípios da Região Metropolitana de Campinas levou o Conselho de Desenvolvimento da RMC a cobrar uma ação emergencial da América Latina Logística (ALL) — concessionária que administra o ramal férreo — nos trechos urbanos. Esta semana, um “chamamento” foi encaminhado à presidência da empresa solicitando a presença de um representante na reunião do bloco, que acontece na semana que vem em Santo Antonio de Posse.A intenção é questionar a ALL quanto ao excesso de acidentes e pedir providência, em conjunto com os municípios, para a falta de segurança e infraestrutura nas regiões dos ramais, principalmente em locais povoados. Além do mau estado de conservação de trilhos e dormentes, não existem barreiras adequadas que separem a zona urbana da linha férrea, nem passarelas suficientes para a população atravessar as áreas em segurança. Campanhas de conscientização sobre o perigo dos trens também são incipientes. Além de reivindicar ações, a ideia é facilitar e aproximar a comunicação entre as administrações municipais e a ALL. Desde o início do ano foram registrados ao menos nove acidentes nas malhas ferroviárias que cortam cinco cidades da RMC. Neles, ocorreram três mortes em Campinas, Sumaré e Valinhos. Nos casos onde não houve atropelamento seguido de morte, três pessoas tiveram membros amputados. Ontem, o presidente do Conselho da RMC, Milton Serafim, que também é prefeito de Vinhedo, esteve em Brasília para pressionar os órgãos responsáveis pela fiscalização da concessionária. Ele se reuniu com diretores da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e também do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Serafim relatou os recorrentes problemas com a falta de segurança do entorno dos ramais férreos nas cidades e também cobrou maior fiscalização por parte desses órgãos quanto à falta de infraestrutura e abandono de trechos pela empresa concessionária. Também pediu que fossem enviados representantes para participar da reunião do conselho na próxima terça-feira. “Há uma preocupação grande em vários municípios da RMC que lidam diretamente com o ramal. Cidades mais afetadas como Vinhedo, Valinhos, Nova Odessa, Sumaré, Americana e Campinas precisam de uma atenção especial da ALL, o que não acontece. A intenção é conversar e cobrar atitudes porque estamos assistindo muitas mortes que poderiam ser evitadas”, afirmou Milton Serafim. Ele explicou que em muitas cidades não existem passagens sob e nem sobre os trilhos, o que coloca em risco pedestres e motoristas. A preocupação dos prefeitos, segundo ele, é com as obras necessárias no entorno das linhas férreas, já que elas cortam a área urbana de muitas cidades. “Para piorar, há cidades que não têm como custear sozinhas essas obras para desviar o trânsito do ramal. Todo o ônus fica para a Prefeitura. A ALL só enrola. Fala que vai analisar uma possível construção de um viaduto e nunca responde. E os órgãos federais não veem isso. Ninguém entra em contato e nem fiscaliza.” O presidente da RMC disse que em Vinhedo, por exemplo, a Prefeitura teve que arcar sozinha com as obras de três passagens sob a linha férrea para garantir mais segurança aos motoristas e pedestres. A ALL somente autorizou a obra. “Todos os custos ficaram a cargo da Prefeitura, inclusive a construção de 1,2 km de trilhos que foram necessários para o desvio dos trens de carga. Nem isso a ALL assumiu. Eles não formalizam o motivo. Daí a Prefeitura acaba fazendo porque eles enrolam muito.” Ao todo foram gastos pelo Município cerca de R$ 4 milhões. Moradores Vizinhos dos trilhos dos ramais férreos de diferentes cidades da região relatam preocupações e queixas em relação à segurança da malha ferroviária. Pedem barreiras físicas, área adequada para travessia com sinalização visual e avisos sonoros.Em Valinhos, a principal reivindicação é a construção de uma passarela no bairro Lenheiro. Moradores e comerciantes estão fazendo um abaixo-assinado, que será entregue à Prefeitura, cobrando a via. No Parque Residencial Shalon, em Campinas, o maior medo é com relação à travessia de crianças e pessoas mais desatentas. Lá, uma adolescente de 15 anos foi encontrada com uma fratura de crânio na ferrovia, em abril. Veja também Vistoria constata problema em viaduto ferroviário Local está com infiltrações de grandes proporções, além da travessa de sustentação trincada

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