MOVIMENTO

Inter-relação entre cidades da RMC está cada vez maior

Diariamente, 256.442 moradores deixam seus municípios de origem em direção a outros do bloco regional; Campinas é a cidade que mais recebe, com total de 114.893 pessoas

Bruno Bacchetti
07/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 11:27
Levantamento foi realizado pelo Observatório Metropolitano de Indicadores da Agemcamp ( Elcio Alves)

Levantamento foi realizado pelo Observatório Metropolitano de Indicadores da Agemcamp ( Elcio Alves)

A inter-relação entre as cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) está cada vez maior e a população da região rompe as barreiras geográficas para estudar e trabalhar nos municípios vizinhos. Diariamente, 256.442 moradores da RMC deixam suas cidades de origem em direção a outros municípios do bloco regional. Campinas é a cidade que mais recebe moradores de outros municípios da RMC, com total de 114.893 pessoas. Em seguida estão Americana, que acolhe 34.571 pessoas e Paulínia, com a presença de 18.493 moradores vizinhos. Por outro lado, a maioria das pessoas que saem para trabalhar ou estudar nos municípios da RMC são habitantes de Sumaré (50.361), seguidos dos moradores de Hortolândia (46.136) e Campinas (33.022). O levantamento foi realizado pelo Observatório Metropolitano de Indicadores da Agemcamp, baseado no estudo “Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Esse movimento chamado mobilidade pendular é fruto do processo de aglomeração urbana. A região vive uma expansão e as pessoas vão mudando para as cidades vizinhas”, explica José Marcos Pinto da Cunha, pesquisador do Núcleo de Estudos de População (Nepo) da Unicamp. De acordo com o pesquisador, essa movimentação pendular é maior entre a população de baixa renda. Segundo ele, a falta da política de habitações populares afastou os moradores dos grandes centros, obrigando essa parcela da população a fazer grandes deslocamentos até seus locais de trabalho. “Isso acontece também porque há um descaso do Poder Público de se convencer que há uma lógica metropolitana. Nos grandes centros não há oferta residencial para a população de baixa renda residir próxima do seu trabalho”, acrescenta.O estudo listou os dez maiores fluxos de pessoas entre os municípios da região. Em primeiro lugar está o deslocamento entre Hortolândia e Campinas, trajeto realizado diariamente por 37.086 pessoas. Essa rota de circulação é a 13ª maior do Estado de São Paulo e a 40ªmaior do Brasil. O segundo maior fluxo é de Sumaré a Campinas, com 33.332 indivíduos, e em terceiro está o trajeto de pessoas de Santa Bárbara d'Oeste para Americana (24.523). Somente as três rotas somam quase 100 mil pessoas. O fluxo varia de acordo com a característica do emprego e da economia da região. Hortolândia, por exemplo, recebe profissionais qualificados de outras cidades para trabalhar nas grandes indústrias instaladas nos municípios. Em contrapartida, moradores de baixa renda de Hortolândia deixam a cidade para exercer atividade de menor remuneração e capacitação em municípios vizinhos, principalmente Campinas. “Hortolândia não é um município que não tem atividade produtiva, mas não envolve e não incorpora seus habitantes. Tem que pensar qual o perfil dos empregos gerados em cada município. Quem não consegue emprego na IBM, por exemplo, vai buscar uma oportunidade em Campinas”, reforça Cunha.O repositor de áudio Edimar Sousa Ferreira da Silva, de 24 anos, faz diariamente o trajeto líder na região. Ele mora no Jardim Amanda, em Hortolândia, e trabalha na região central de Campinas. O deslocamento demora, em média, uma hora e meia, e é realizado pelo repositor há oito anos. “Desde que comecei a trabalhar sempre trabalhei em Campinas, só tive um emprego em Hortolândia. A minha área não tem emprego lá”, diz. A vendedora Ana Paula Gonçalves Araújo, de 26 anos, mora em Sumaré e assim como os mais de 50 mil moradores da cidade vem para Campinas todos os dias. Embora reconheça as dificuldades, não pensa em trabalhar na sua cidade, tampouco mudar para Campinas. “É muito cansativo, tem nove anos que trabalho em Campinas. Aqui as oportunidades e o salário são melhores. Mas não penso em me mudar, Sumaré é mais sossegado”, afirma.

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