MOACYR CASTRO - IG (CEDOC)
Será que vereador não serve nem para propor, muito menos aprovar, nome de rua? Pelo jeito, nem prefeito que sanciona barbaridades. Recebi de uma ilustre senhora, a quem Campinas há décadas muito deve, o seguinte desabafo: “Furiosa estou, assim que li no a notícia de que mudaram o nome do Largo Santa Cruz. Pode imaginar mudar o nome do berço para dar o de um político sem quase expressão? Justo do local onde Campinas foi fundada? Pena que esteja velha demais; só conto com você para acalmar este coração que ainda está batendo.”
A egrégia transformou o homenageado num ‘Zé Ninguém”. No próprio Largo Santa Cruz nenhum morador ou trabalhador sabe quem foi o agraciado. Deve ser o máximo constrangimento, insulto e desrespeito também à história de Campinas. É típico de político debochar, desprezar e desamar os cidadãos, a cidade, o País. É assim que destratam quem é obrigado a pagar impostos, para embolsarem milhões, na marra. (Falar nisso, pague seu IPTU em dia para não atrasar o salário deles.)
Eu disse para a repórter Maria Teresa Costa que seria como sugerir o nome da mãe de um político para uma rua do Jardim Itatinga. “Já que nem ao menos ligam o nome à pessoa...” Eu acredito que namoradoras e namoradores do lugar não aprovariam.
A jornalista Milene Moreto lembrou-se dos tempos em que papa-defuntos das funerárias rondavam cemitérios e hospitais para ver quem estava pronto para morrer, vender o caixão e ganhar comissão. “Será que agora fazem plantão na porta da Setec? Morreu, apresenta a proposta no mesmo dia...”. Eu pensei, mas não falei, se ganham para perpetrar esse oportunismo. Afinal, desde sempre, o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais...
Maria Teresa Costa, terror dos medíocres, ensina: "Pedro de Magalhães era advogado, com escritório na Bernardino de Campos, frequentado pelos campineiros abolicionistas republicanos. Morava no Largo Santa Cruz. Quando recebeu a noticia da Proclamação, reuniu os vizinhos e ali anunciou que o Brasil se tornara república. De lá, foi para a Câmara e o grupo republicano comunicou à cidade. O largo é um dos três campinhos que deram origem a Campinas, onde tropeiros, rumo a Minas e Goiás atrás de ouro, paravam para descansar e se abastecer no pequeno comércio que se foi formando por ali. Desde 1889, o largo se chama Praça 15 de Novembro.
A comunidade negra fez um movimento recentemente para o local se chamar Elesbão — homenagem ao escravo enforcado lá, acusado de matar o fazendeiro capitão Luiz José de Oliveira. Elesbão era fugitivo da fazenda dele e vivia em um quilombo. Morreu jurando inocência. Foi o último enforcado no largo. A cidade se revoltou e a forca foi demolida. Para homenagear Elesbão, a Prefeitura deu seu nome ao canteiro central que está bem na frente do largo Santa Cruz, junto da antiga casa do Pedro de Magalhães.”
Pregado no poste: “Vamos brincar de forca? Preencha: P _ _ _ _ _ _ _S”