JOSÉ PEDRO MARTINS

Inércia preocupante

12/10/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 00:37

Na próxima semana o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, estará na região para uma definição sobre o futuro das águas. A Região Metropolitana de Campinas (RMC) e o conjunto das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) vão pedir uma posição clara do governo estadual, em termos do projeto da construção de duas grandes barragens, nos rios Jaguari e Camanducaia, que garantiriam mais água para a região por mais duas décadas, segundo os seus defensores.A região está preocupada com os estudos que têm sido feitos para a construção dessas barragens, indicando que as obras custariam muito mais do que inicialmente se estimava. Além disso, haveria algumas dificuldades técnicas nada desprezíveis.Uma definição do governo estadual sobre esses projetos – polêmicos, sem dúvida – é considerada fundamental para a continuidade das negociações relativas à renovação da outorga para a Sabesp prosseguir operando o Sistema Canteira, a partir de 2014. Atualmente o Cantareira transfere até 31 mil litros de água por segundo da bacia do rio Piracicaba para abastecer metade da Grande São Paulo.A região da bacia do rio Piracicaba sempre reclamou que esta transposição de águas afeta a qualidade de vida regional. Atualmente o Cantareira destina 5 mil litros de água por segundo para a própria bacia do Piracicaba, e um pouco mais em momentos críticos como tem acontecido nos últimos anos. O Consórcio PCJ já propôs que seja garantida, na nova outorga de 2014, pelo menos 15 mil litros de água por segundo para o conjunto das três bacias, como forma de garantir o abastecimento, considerando o crescimento da região.Acontece que tanto a bacia do Piracicaba como a bacia do Alto Tietê, onde está a Grande São Paulo, já vivem um grave déficit hídrico. Existiria, então, a necessidade de garantir mais “produção de água”, que seria através das duas novas barragens. Mas como o governo estadual pode assegurar que as obras de fato serão feitas?Um ingrediente adicional nessa questão é que, segundo o IBGE, a RMC e o conjunto das bacias PCJ continua crescendo, em termos populacionais, em taxas maiores do que o restante de São Paulo. Ou seja, precisará de mais água no futuro. E sem falar na instabilidade climática, cada vez maior, em função do aquecimento global, podendo levar a estiagens ainda mais fortes no futuro.Enfim, o conflito está estabelecido. Uma solução, ou tentativa de, seria um diálogo, que ainda não ocorreu historicamente, entre os Comitês de Bacias do PCJ e do Alto Tietê. No fundo a decisão será política, mas a região das bacias PCJ, a cidadania organizada, precisaria estar mais atenta e atuante, pois só assim poderá sair uma solução adequada para assegurar um futuro com qualidade de vida. Até o momento tem havido muita inércia do conjunto da região, com exceção de alguns segmentos. Essa postura pode custar caro para todos.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por