CAMPINAS

'Indústria' da plástica está na mira da fiscalizaçao do Cremesp

Órgão investiga falsas empresas financiadoras; a sindicância ocorre em todo o Estado de São Paulo, mas Campinas é uma das cidades com mais casos investigados

Bruno Bacchetti
25/02/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 00:30

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) está com sindicância aberta para investigar falsas empresas financiadoras de cirurgias plásticas que atuam em Campinas e os médicos vinculados a elas. As empresas que são alvos do órgão não possuem registro no Cremesp ou no Banco Central e induzem os pacientes a realizar vários procedimentos simultâneos, aproveitando a ânsia de homens e mulheres em conseguir um corpo perfeito.   Segundo o Cremesp, em muitos casos a cirurgia é contra-indicada e realizada sem a preparação adequada. Para manter o sigilo, o órgão não divulgou quantas empresas e médicos estão sob investigação.   Denúncias   “Temos trabalhado em conjunto com o Ministério Público (MP) porque algumas dessas empresas não têm médicos como proprietários. Então nós identificamos e fazemos o encaminhamento ao MP. Essas empresas não têm registro no Banco Central e vivem na clandestinidade. Já avaliamos quais os médicos estão trabalhando com essas empresas”, afirma Silvia Helena Mateus, diretora do Cremesp.   A sindicância ocorre em todo o Estado de São Paulo, mas Campinas é uma das cidades com mais casos investigados, perdendo somente para a Capital. Segundo a diretora do Cremesp, essas financiadoras abordam as pessoas nas ruas e oferecem a cirurgia com valores abaixo do mercado e parcelamento a perder de vista.   Intermediadoras “Campinas tem várias intermediadoras que ficam induzindo a população a realizar a cirurgia. Estão distribuindo panfletos e oferecendo a cirurgia plástica como se fosse um produto. Oferecem condições de financiamento e dividem o valor com médicos e hospital, ficando com mais de 50% do total. É um jeito fácil de ganhar dinheiro”, diz ela.   Para reduzir o custo das intervenções, Silvia explica que nas cirurgias financiadas por empresas clandestinas não são realizadas exames pré-operatórios, como avaliação cardíaca e coleta de sangue. Além disso, as intermediadoras tentam empurrar o maior número de cirurgias simultâneas, muitas sem necessidade e que colocam em risco a vida do paciente.   Cuidados   “Não fazem avaliação, pré-operatório e muitas vezes a cirurgia é até contra-indicada. Quanto maior o número de cirurgias simultâneas maior é o risco e a chance de ter resultado ruim é grande, até com risco de morte”, alerta a diretora. A orientação para as pessoas que pretendem fazer uma cirurgia plástica é procurar um profissional credenciado e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), realize todos os exames pré-operatórios e tente parcelar o valor com o médico, sem a intermediação de empresas financiadoras.   “O mais importante é alertar a população para não procurar essas financiadoras, procurar um profissional filiado à SBCP, realizar todos os exames pré-operatórios e negociar o parcelamento com o médico”, alerta Silvia.

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