LAVA JATO

Indenização do PT pagou imóvel, diz cunhada de Vaccari

Em depoimento, Marice Correa Lima disse que foi uma indenização de R$ 240 mil paga pelo PT por causa do escândalo do mensalão que cobriu valor desembolsado na compra de apartamento no Guarujá

Agência Estado
24/04/2015 às 09:30.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:44
Marice Corrêa de Lima, ontem à tarde, logo após deixar a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba (Gisele Pimenta/ AE)

Marice Corrêa de Lima, ontem à tarde, logo após deixar a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba (Gisele Pimenta/ AE)

A cunhada do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, Marice Correa Lima, disse em depoimento aos investigadores da Lava Jato que foi uma indenização de R$ 240 mil paga pelo PT por causa do escândalo do mensalão que cobriu o valor desembolsado na compra de um apartamento em construção no Guarujá, no litoral paulista, em 2011.O imóvel foi adquirido por ela da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) - fundada por um núcleo do PT nos anos 1990 e que teve Vaccari como dirigente.O apartamento - declarado por R$ 200 mil na compra, em 2011 - foi devolvido um ano depois para a incorporadora da obra e rendeu a Marice um crédito de R$ 432 mil, registra análise de inteligência da Receita Federal. A empresa que pagou o valor é a OAS - uma das 16 empreiteiras acusadas de cartel e corrupção na Petrobrás. Em 2014, o imóvel foi vendido pela empreiteira por R$ 337 mil.Tanto a origem do dinheiro da compra, como o lucro de mais de 100% na venda, um ano depois, são considerados supostas operações fraudulentas de ocultação patrimonial e lavagem de dinheiro de Vaccari, via Marice.Os procuradores da República e a PF suspeitam que o negócio "serviu para ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos, tratando-se de possível vantagem indevida paga pela OAS a João Vaccari Neto".MensalãoEm depoimento prestado à Polícia Federal no dia 20 a cunhada de Vaccari disse que fechou com o PT um acordo para o pagamento de R$ 240 mil por seu nome ter sido citado no escândalo do mensalão em 2005. Na época, Marice era coordenadora administrativa do partido, que efetuou um pagamento de R$ 1 milhão, em espécie, à Coteminas - empresa do então vice-presidente José Alencar. A maior parte desse dinheiro, R$ 200 mil, entrou na conta de Marice, em pagamentos feitos entre março e novembro de 2011 pelo escritório de advocacia do ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), segundo a análise de inteligência da Receita com base na quebra de seus sigilos.Marice confirmou que a compra do apartamento em construção da Bancoop foi feita "utilizando os recursos recebidos de uma indenização por danos morais, pagos por um advogado mediante acordo". Ela afirmou que o pagamento "não foi precedido de processo ou de notificação judicial ou extrajudicial". Foi um acerto entre as partes por causa da "divulgação do nome" em associação ao mensalão.Questionada sobre o fato de o escândalo ter ocorrido em 2005 e o pagamento em 2011, a cunhada de Vaccari disse que houve uma negociação com o PT e que foi firmado um contrato do acordo de indenização.Procurados ontem, nem o PT nem o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh não haviam respondido aos questionamentos feitos pela reportagem até a conclusão desta edição. Veja também Justiça Federal solta cunhada de ex-tesoureiro do PT A ordem para soltar Marice foi dada nesta quinta às 11h30, pelo juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato Petrobras teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões com corrupção Baseado no conteúdo da investigações do Ministério Público Federal, os valores referentes à Lava Jato referem-se a 3% do valor de contratos com 27 empresas membros do cartel entre 2004 e 2012 Justiça condena Paulo Roberto, Youssef e mais seis Sentença contra ex-diretor da Petrobras, doleiro, e outros se refere aos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro oriundo de desvios de recursos públicos na construção da Refinaria Abreu e Lima Juiz decreta nova prisão temporária para Marice Lima Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, decretou nesta terça nova prisão temporária de Marice Correa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Justiça nega pedido de habeas corpus a João Vaccari Neto Tesoureiro afastado do PT é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com base em depoimentos de delatores da Operação Lava Jato

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