Conheci o Xingu no balcão de um bar. Bebíamos lado a lado, mas cada um com sua garrafa. Isso aconteceu há menos de um mês e já o considero um dos mais fiéis colaboradores desta coluna. Porque o boteco de hoje, indicação dele, é desses que a gente reluta em ir embora, num adiamento ininterrupto de saideiras. O Bar do Seo Wilson, quase escondido numa rua tranquila da Vila Joaquim Inácio, tem requisitos que o colocam de cara entre os melhores da cidade. O primeiro é fritar, na hora e rigorosamente, qualquer salgado solicitado pelo freguês. Eles ficam crus na estufa e só vão para o óleo um após o outro, quando o cliente pede. E nem sempre todas as variedades estão disponíveis, num sinal de que os petiscos são feitos com ingredientes frescos e nunca armazenados ou congelados.
O Wilson, que parece muito mais jovem do que os cabelos grisalhos indicam, é de uma paciência que só estando lá para ver. Quando pedi o lanche de calabresa com provolone, por exemplo, fez questão de me mostrar a cozinha e como trata com imenso carinho o que os frequentadores comem. Depois, ainda experimentei o sanduíche de carne loca, feito com lagarto frio conservado em vinagrete. Coisa fina. Eu, Xingu e o fotógrafo Gustavo Tilio provamos, aprovamos e fomos presenteados também com o esperto torresmo da casa, servido com um molhinho agridoce que me surpreendeu mais do que a própria porção.
Raros botecos que visitei ainda se dão ao luxo de oferecer sobremesa aos clientes. Lá no Wilson, o filho dele, Cristiano, é o responsável pela criação da cocada coberta com chocolate. Surpreendente como o bar.
BAR DO SEO WILSON
Rua José Soriano de Souza Filho, Vila Joaquim Inácio, f. (19) 3028-0863. Aberto de segunda a sábado, das 10h às 23h; domingo, até as 14h