DÓLAR EM ALTA

Incertezas à frente

A festa estava rolando solta até que a forte alta do dólar veio como uma ressaca. Tão forte quanto aquelas de uísque barato. A moeda norte-americana vem se firmando acima dos R$ 3,00, emparelhada com o euro, algo que não ocorria no Brasil há mais de uma década

Eduardo Gregori
22/03/2015 às 01:51.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:36
Eduardo Gregori ( Leandro Ferreira/ AAN)

Eduardo Gregori ( Leandro Ferreira/ AAN)

Foto: Leandro Ferreira/ AAN Eduardo Gregori Estava tudo lindo e maravilhoso. Montes de novos voos internacionais pipocando no Brasil, companhias apostando tudo no turista brasileiro, aeronaves lotadas e um verdadeiro paraíso para o mercado de turismo. A festa estava rolando solta até que a forte alta do dólar veio como uma ressaca. Tão forte quanto aquelas de uísque barato. A moeda norte-americana vem se firmando acima dos R$ 3,00, emparelhada com o euro, algo que não ocorria no Brasil há mais de uma década. Não é à toa que muitos brasileiros se acostumaram a comprar em Miami, Orlando e até na cara Nova York. Mesmo com o dólar na casa dos R$ 2,00 ainda era vantagem encher a mala na terra do Tio Sam. A retomada da economia dos EUA, aliada a estagnação do Brasil, são ingredientes que, juntos, garantem à moeda estrangeira um alto custo em real. O item corrupção entra negativamente nessa conta. Um reflexo do que anda acontecendo na nossa fragilizada situação são voos partindo rumo aos EUA com ocupação baixíssima. Algumas imagens destes casos foram publicadas nas redes sociais nas últimas semanas. O cancelamento inesperado — e em apenas 3 meses de operação — do voo da American Airlines entre Nova York e Campinas revela o reposicionamento da companhia frente a um cenário sem muitas perspectivas. Leitores me perguntam o que vai acontecer. Talvez essa resposta seja mais para um “opinólogo” ou alguém que entenda profundamente do mercado financeiro e de aviação civil do que para um jornalista. Quando o cenário está tão nebuloso e instável, qualquer afirmação não deixa de ser mais que um “achismo” do que qualquer outra coisa. É claro que o Brasil é um País interessante para as companhias aéreas estrangeiras. Rotas como Miami, Orlando, Buenos Aires e Santiago estão entre várias que, mesmo com a alta do dólar, não deixarão de existir. Porém, a partir do momento em que o Brasil deixar de ser interessante, justamente por não ter mais uma massa viajando, literalmente para cima e para baixo, as companhias devem rever suas operações.   Afinal, voar é um negócio e uma empresa só funciona onde e quando há demanda. Talvez o Brasil perca uma ou outra rota para um país mais estável economicamente, ou ainda frequências sejam diminuídas. Apesar de muitas companhias afirmarem o contrário, o mais certo é que, se neste momento elas tenham reduzido a margem de lucro para manter o preço das passagens estáveis e até façam promoção, essa situação não vai perdurar para sempre. Ou seja, em breve pagaremos mais para voar o que voávamos antes. No início da semana passada já vi isso acontecer. Três semanas antes, uma companhia vendia um voo entre São Paulo e Lisboa por R$ 2 mil. Nesta, o mesmo trecho já está em R$ 3 mil. Alguém duvida de que, principalmente quem viaja, vai pagar a conta do que acontece no Brasil? Eu não.   Eduardo Gregori é editor de Turismo do Grupo RAC

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