CAMPINAS

Impunidade agrava a dor da família de jovem morto

Parentes afirmam que publicitário que dirigia na contramão assumiu risco de matar

Felipe Tonon
31/07/2013 às 09:45.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:02
Wesley, irmão Wallace e a mãe, Maria Lúcia de Araújo: dor pela perda e pela impunidade do motorista (Elcio Alves/AAN)

Wesley, irmão Wallace e a mãe, Maria Lúcia de Araújo: dor pela perda e pela impunidade do motorista (Elcio Alves/AAN)

Familiares do jovem Wallace Araújo de Abreu, de 23 anos, morto na noite do último sábado (27) na Rodovia Santos Dumont após ser atingido por um carro na contramão, estão revoltados com o fato de o motorista, o publicitário Rodrigo Luiz Ribas, não ter sido preso. Era ele quem dirigia a caminhonete Ranger que colidiu de frente com Abreu, que conduzia uma moto. A mãe da vítima, Maria Lúcia Teodoro de Araújo, fez um desabafo emocionado e disse querer ficar frente a frente com o homem que matou seu filho. Ela ainda pediu para que ele seja processado por homicídio doloso, porque estava na contramão e assumiu o risco de causar uma tragédia. “Eu queria ficar de frente com esse menino, falar tudo o que estou sentindo”, disse Maria Lúcia. “Tirou a vida do meu filho que me ajudava. E esse assassino, sem vergonha, está na rua”, desabafou. A irmã da vítima, Francislene Cristina de Abreu, de 31 anos, está indignada com a forma como o irmão morreu. “Ele tinha intenção de matar, sim, porque quando anda na contramão tem a intenção”, disse. Os parentes do jovem morto contaram que ainda não foram procurados por representantes da família do publicitário. “O que a gente queria é que ele reconhecesse o erro e arcasse com os prejuízos materiais. Meu irmão suou muito para ter aquela moto, a única coisa que ele tinha. Ele matou meu irmão e só pagou uma multa e perdeu o direito de dirigir. Mas quem garante que ele não vai entrar num carro e matar de novo?”, disse o irmão de Wallace, Wesley de Abreu. Roque Alexandre Mendes, advogado de Ribas, disse que ele está em estado de choque e irá iniciar tratamento psiquiátrico. “Ele só chora, porque ele viu a vítima. Ele tem consciência de que irá responder pelo que fez.” Mendes ratificou o que havia dito no último sábado e confirmou apoio aos parentes de Wallace. “Vamos ajudar no que for necessário na questão financeira, para tentar amenizar um pouco a dor dessa família.” Ele defendeu o publicitário e disse que Ribas não era usuário de substâncias entorpecentes e o frasco de lança-perfume não era dele. “Ele tinha emprestado o carro para o irmão um dia antes. Ele fez exame de sangue para confirmar que ele não havia utilizado nenhuma substância”, disse. Sem intenção De acordo com o delegado Rodrigo Aydar Monteiro, que estava no plantão policial naquela madrugada, não havia subsídio suficiente para autuar em flagrante o motorista. “Ele estava na contramão, segundo consta, por um erro dele. Isso é uma imperícia, uma imprudência, mas não é intencional. Ele não seria louco a ponto de andar na pista na contramão para ganhar caminho, até mesmo porque o destino seria uma boate e pela contramão não chegaria”, afirmou. Para aplicar o flagrante, segundo Monteiro, o motorista deveria estar embriagado. “Embora (algumas testemunhas) tenham falado que ele estava alterado, o índice era a metade do tolerado. Pode ser que ele estivesse alterado em razão do acidente”, disse. Justificou, ainda, que Ribas não fugiu do local do acidente. De acordo com o delegado, o frasco de lança-perfume apreendido não passou por perícia porque a Polícia Rodoviária, ao apresentar a ocorrência, acabou derrubando o vidro. “Teria que fazer a perícia, mas como não foi possível requisitei o exame toxicológico não só para o álcool, mas para outra substâncias que causem alteração psíquica.” O laudo deverá sair em 30 dias. O inquérito será conduzido pelo 6º Distrito Policial.

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