ONCOLOGIA

Impacto da pandemia nos pacientes com câncer

Clínica especializada segue o atendimento aos doentes com cuidados redobrados

Kátia Camargo
25/04/2020 às 09:50.
Atualizado em 29/03/2022 às 12:55

Da mesma forma que está ocorrendo com toda população para barrar o avanço do novo coronavírus, os pacientes oncológicos, e outros casos considerados grupos de risco, precisam primeiramente seguir algumas orientações básicas para evitar o contágio da doença. Dentre as orientações essenciais estão as já bastante conhecidas como procurar manter o distanciamento social na medida do possível, sair de casa sem necessidade, usar máscaras caso tenha que sair às ruas, lavar muito bem as mãos e os punhos e usar álcool em gel sempre que possível. Importante também é não ter contato com qualquer pessoa com sintomas de um quadro viral, evitar aglomerações em ambientes fechados, não cumprimentar as pessoas com beijos, abraços e aperto de mão, costumes tão comuns na nossa sociedade. Mas, além de todos esses cuidados necessários e muito importantes, o oncologista Juvenal Antunes de Oliveira Filho alerta que não se deve interromper, de forma alguma, o tratamento oncológico, tão necessário para o controle e cura da doença. “Essa foi uma das nossas primeiras preocupações quando a pandemia começou a se alastrar pelo mundo, conscientizar os nossos pacientes sobre a importância de não interromperem o tratamento oncológico. Na Oncocamp estamos trabalhando para atender todos os pacientes que estão fazendo quimioterapia, imunoterapia e infusões de imunobiológicos, atendendo também os novos casos que precisam iniciar tratamento e cuidando das possíveis intercorrências que costumam ocorrer durante o tratamento”, destaca o oncologista. Toda a equipe precisou fazer inúmeras adaptações e seguir a todas as recomendações da OMS para deixar o ambiente ainda mais seguro para todos. “Quando o paciente chega à clínica recebe orientações logo na entrada, com fornecimento de máscaras, álcool em gel e tem a entrada controlada para evitar aglomerações na sala de espera da clínica, mantendo a distância recomendada. Tanto as consultas como as quimioterapias são previamente agendadas. Todas as medidas preventivas foram intensificadas para a proteção de todos, pacientes, médicos e funcionários. Continuamos cuidando de todos integralmente, com uma equipe multidisciplinar e bem preparada”, destaca o especialista da Oncocamp. Além dos oncologistas clínicos, onco-hematologista e radioterapeuta, a clínica tem no seu corpo clínico infectologista, anestesiologistas especializados em dor, nutricionista, psicólogas e fisioterapeuta. “Essa equipe multidisciplinar continua trabalhando normalmente, seguindo à risca suas linhas de cuidados integrais aos pacientes oncológicos. Toda a equipe também está praticando a telemedicina quando necessário nos moldes aprovados pela Associação Médica Brasileira devido à pandemia”, acrescenta. O oncologista conta que a clínica disponibiliza um telefone de plantão para informar e orientar os pacientes e seus familiares durante o tratamento oncológico, cujas dúvidas e angústias podem aumentar durante a pandemia. Os pacientes também contam com o telefone pessoal do médico responsável para ligar, caso seja necessário. “É muito importante que o paciente e sua família se sintam bem seguros também neste momento, diante do desafio do enfrentamento do novo coronavírus. O paciente oncológico já tem uma queda da imunidade devido à doença que enfrenta e por conta do tratamento que faz e precisa estar bem orientado para se proteger. Caso haja sintomas suspeitos da COVID-19, como febre, tosse ou falta de ar, é preciso conversar com o oncologista ou hematologista antes de ir para o hospital”, destaca o médico. Cirurgias inadiáveis Sobre os pacientes que estavam com cirurgias agendadas para remoção de tumores, os oncologistas, cirurgiões e a família devem se reunir para avaliar caso a caso. “Pacientes que precisam de cirurgia, que não podem aguardar, estão sendo operados e recebem todo cuidado para evitar o contágio. No Centro Médico de Campinas, por exemplo, onde boa parte dos pacientes da Oncocamp é internada e faz os procedimentos necessários, existe uma ala separada para pacientes suspeitos de COVID-19. Quem trabalha com esses casos fica focado apenas nesse atendimento, os acessos de entrada e saída são diferentes e as proteções individuais estão sempre disponíveis. Quem precisa de cirurgia, como por exemplo um tumor sangrante ou de grande volume, deve ser operado porque os procedimentos necessários não estão sendo adiados ao contrário de cirurgias eletivas que podem aguardar”, diz o especialista. O médico faz ainda outro alerta sobre os estudos que estão sendo realizados com medicamentos conhecidos e que podem eventualmente ser promissores no tratamento da COVID-19. “O paciente oncológico e população em geral jamais devem fazer uso desses medicamentos sem orientação médica. É importante dizer que esses estudos com medicamentos amplamente divulgados na imprensa estão sendo objeto de estudos controlados no mundo todo. Protocolos clínicos estão em andamento em vários hospitais do País e esses medicamentos nunca deverão ser usados como proteção ou preventivamente para evitar que se contraia a doença”, alerta o especialista.

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