LITERATURA

Imigração italiana é tema de livro de pesquisadora campineira

Romilda Aparecida Cazissi Baldin mostra a chegada dos italianos ao Brasil

Marita Siqueira
02/03/2013 às 05:01.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:30
A pesquisadora Romilda Baldin com seu livro "Campinas Italiana" (Alessandro Rosman/AAN)

A pesquisadora Romilda Baldin com seu livro "Campinas Italiana" (Alessandro Rosman/AAN)

A pesquisadora Romilda Aparecida Cazissi Baldin lança hoje o livro "Campinas Italiana - As Obras e as Conquistas dos Primeiros Imigrantes Italianos" na Academia Campinense de Letras, às 14h. A obra conta de modo cronológico a chegada dos imigrantes italianos na região e a contribuição deles para a história do município, além de curiosidades sobre o período. “Procuro fazer uma justa homenagem aos italianos que ajudaram Campinas anonimamente, cujas famílias ainda vivem aqui”, afirma a escritora, enfatizando a atuação desses imigrantes na construção arquitetônica da cidade.

Ela descreve a fundação do Circolo Italiani Uniti, atual Casa de Saúde, as bandad italianas, a trágica febre amarela causadora da morte de inúmeros imigrantes e ainda reserva um capítulo ao Guarani Futebol Clube, idealizado e construído por italianos e descendentes. “O Guarani foi fundado exclusivamente por italianos, havia apenas um rapaz de 19 anos que era de ascendência alemã. Eles estudavam no Gymnasio do Estado, que era o Culto à Ciência, e não tinham o que fazer. Eles estavam sentados, conversando no Jardim Carlos Gomes, quando veio a ideia de montar um time de futebol”, conta.

Segundo a escritora, os jovens queriam que o clube chamasse Carlos Gomes, mas foram impedidos. E acharam uma solução: “Colocaram Guarani Futebol Clube em homenagem ao ilustre compositor campineiro, autor da ópera 'Il Guarani'”, diz. Uma curiosidade revelada por Romilda é que O clube foi inaugurado no dia 1º de abril e não no dia 2, conforme consta. “Preferiram dia 2 para não ter relação com o Dia da Mentira.”

Um dos pontos fortes do livro é o relato que Romilda fez sobre os dissabores que as mulheres italianas passaram nas fazendas de café. “A mulher tinha de fazer tudo. Levantar às 5h, preparar o café da manhã para o marido ir para a roça; às 10h, levar o almoço para ele. Voltava para casa, onde plantava entre os pés de café alimentos para o sustento. Isso os patrões permitiam. E quando o marido voltava, ela lavava os pés dele, servia o jantar e ia dormir por último. Parte da produção feita pelas mulheres era vendida por elas, o que os ajudou a sair das fazendas também”, afirma.

De acordo com a pesquisa realizada por Romilda no Centro de Memória da Unicamp, Biblioteca do Centro de Ciências, Letras e Artes, arquivos da Câmara Municipal e jornais da época, Campinas recebe italianos esporadicamente desde 1972. A grande imigração data do período de 1870 e 1920, quando o Brasil recebeu cerca de 25 milhões, sendo 15 milhões no Estado de São Paulo. Desses, 3,8 mil instalara-se na Região Metropolitana de Campinas (RMC).

A autora

Relações públicas por formação, Romilda Baldin se dedica atualmente a pesquisas de genealogia italiana e portuguesa. Em 2006, lançou o livro "Ritorno al Passato - A Saga de uma Família Veneta", que aborda os motivos da imigração, e planeja dois novos títulos para os próximos anos. Integra o Instituto de História Geográfica Genealógica de Campinas.

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