INHAUSER

Igreja: uma visão crítica

16/10/2013 às 08:27.
Atualizado em 25/04/2022 às 00:18

ig-Inhauser (AAN)

Criticar a igreja é, para muitos, blasfêmia. Para tentar escapar aos carimbos de herege e blasfemador (ainda que já os tenha por outros artigos), faço a distinção entre o plano eterno da igreja, segundo Paulo escreveu em sua carta aos Efésios, e a igreja instituição humana. Esta última, mantém a sua comunidade em um contexto histórico e geográfico dados, na medida em que mantém, de forma permanente e organizada, a própria fé. Isto se dá pela repetição incansável de suas crenças, lutando contra argumentos que possam dissonar nas vírgulas, como se uma pedra fora do alinhamento do edifício teórico fizesse ruir todo o construído (fragilidade esta nunca aceita). Para que se mantenha esta “pureza doutrinária”, a igreja se vale de um modelo hierárquico, onde intelectuais e teólogos reconhecidos e avalizados pela estrutura, dão à estrutura pensante ares de dignidade, coerência, biblicidade e santidade. Ocorre que, por pesquisas feitas e constatação empírica, cheguei à conclusão de que são poucos os que congregam nesta ou naquela igreja que conhecem e entendem a doutrina sustentada por sua igreja e/ou denominação. Esta ignorância leva a uma prática em que a retenção dos “fiéis” se dá pelo endeusamento das emoções, pelo louvor avivado, pelos testemunhos consagrados, pela quantidade de lágrimas vertidas, pelo número de pessoas que se apresentam para as orações dos intermediários das bençãos divinas, que são os apóstolos, bispos, pastores, missionários, obreiros ou qualquer outro título que se lhes dê. Esta prática leva a uma idolatria das emoções, pois é ela o ponto alto e central da experiência religiosa. O medo da perda dos fiéis leva os gurus a exercerem um poder disciplinador, legislando sobre vestimentas, maquiagem, vida sexual, se podem ou não ver televisão, se podem ou não assistir a um jogo de futebol etc. É a ignorância multiplicada via imposição de disciplina ditatorial, onde a prática da excomunhão não explícita é comum (o irmão ou a irmão apostatou!). Esta submissão bovina de grande parte dos crentes surge pelo fato de que os cristãos são expostos de forma autoritária e sem amor a mudanças em suas vidas e comportamentos, sem que lhes seja dada uma compreensão mais ampla e crítica do processo pelo qual estão passando. O processo acaba sendo o da obediência cega ao “iluminado” e não o da consciência. Analisar isto de forma crítica é perigoso porque pode revelar a deficiência e trazer a sensação de fracasso. Por isto, muitos preferem ficar na ignorância, enganados e enganando acerca do quão abençoado o seu ministério medíocre é. Apresentam números de frequentadores, quantidades arrecadadas e tamanho dos templos para sustentar tal cegueira, usando e abusando do bordão de que estudar leva à incredulidade, porque muitos, quando vão à universidade, “perdem a fé”. Até mesmo estudar teologia é visto como fator de apostasia. É o elogio à ignorância, à eclesialidade infantil, manipuladora e castradora. Estou farto de apóstolo e bispos empreendedores e/ou analfabetos, de iluminados que nunca leram nada além da Bíblia, de métricas para as bençãos baseadas nas arrecadações e nos cifrões.

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