CAMPINAS

Hospital reduz infecção por superbactéria em 93%

Unidade consegue controlar incidência com medidas de higiene

Felipe Tonon
08/10/2013 às 16:39.
Atualizado em 25/04/2022 às 02:20
Hospital Ouro Verde, que é administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina: contrato é renovado pela quarta vez ( Cedoc/RAC)

Hospital Ouro Verde, que é administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina: contrato é renovado pela quarta vez ( Cedoc/RAC)

A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do hospital municipal Ouro Verde, em Campinas, pode ter conseguido um feito inédito no controle de superbactérias em sua unidade de terapia intensiva (UTI). A presença do bacilo Acinetobacter baumannii, que é muito resistente a antibióticos, caiu de 30 casos entre janeiro e junho deste ano para apenas dois entre julho e outubro — a queda é de 93%. A média mensal de infectados pela bactéria na unidade hospitalar era de cinco a sete pacientes, e uma intervenção foi necessária após os infectologistas perceberem tendência de aumento. “Registramos seis casos apenas na primeira quinzena de junho. Antes que se configurasse surto, a gente tomou algumas iniciativas”, disse o médico infectologista Leonardo Felippe Ruffing, do serviço de controle de infecção hospitalar do Ouro Verde. A primeira medida, que é estabelecida pelo Ministério da Saúde, foi agrupar os doentes infectados e isolá-los. Todos os profissionais que tinham contato com esses pacientes passaram a utilizar luvas e aventais descartáveis. Além disso, a rotina de limpeza da UTI foi alterada. A chamada limpeza concorrente, que acontecia três vezes por dia, passou para seis, duas em cada período do dia. “Com isso, conseguimos tornar o ambiente menos colonizado”, informou. A preocupação dos médicos também era a descoberta precoce da classe da bactéria para que os pacientes que tivessem maior risco de infecção ficassem sob precaução. “Tão importante quanto tudo isso foi a conversa com a equipe de enfermeiros, auxiliares, médicos, fisioterapeutas, toda a equipe. Explicamos sobre a bactéria, o aumento no número de casos, e enfatizamos a importância de tomar essas medidas. A partir disso virou uma briga, as pessoas queriam que a bactéria realmente fosse exterminada”, contou Ruffing. A partir do início das ações de bloqueio, durante 13 semanas, o hospital não teve nenhum registro de infecção. A Acinetobacter baumannii, explicou o infectologista, tem propriedades de aderir ao ambiente com muita potência, e seu controle no espaço hospitalar é difícil. “Na literatura médica que pesquisamos não encontramos um registro semelhante (da redução dos casos), mas não posso dizer que isso nunca existiu no mundo. O que podemos confirmar é que controlamos uma bactéria difícil de ser controlada, sem qualquer prejuízo social, sem fechamento de leitos. E mais do que tudo, a gente conseguiu diminuir a incidência dessa e de outras bactérias.” Para os próximos meses, a CCIH planeja publicar um artigo em revistas especializadas sobre o trabalho desenvolvido no hospital de Campinas.

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