JOSÉ PEDRO MARTINS

Hora mais grave

28/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:53

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou nesta sexta-feira, 27 de setembro, o seu quinto relatório, e o resultado era o que se esperava. Mantido o ritmo atual de emissão de gases de efeito-estufa, a temperatura média do planeta crescerá até 4,8 graus celsius até o final do século. Como consequência, o nível dos mares pode subir 82 centímetros.Uma catástrofe mais do que anunciada. Apesar de todas as advertências, as emissões continuam subindo e a cada ano as temperaturas médias globais são mais altas. A transição da economia baseada em carbono para uma economia de energias limpas, sustentáveis, é muito vagarosa para reverter o quadro geral.Todas as negociações nos últimos 20 anos foram infrutíferas, em termos de perspectivas reais de redução das emissões de dióxido de carbono e equivalentes. Os interesses corporativos, os interesses geopolíticos, os interesses mesquinhos, continuam se sobrepondo aos interesses coletivos, ao equilíbrio da vida na Terra.Um dos ingredientes mais graves da divulgação do quinto relatório do IPCC é que, a cada edição, ele tem menos impacto na sociedade mundial, que já “assimilou o golpe”. Ou seja, há uma tendência de apatia, de desânimo, de desesperança. Combustíveis certos para continuar o status quo favorável à destruição, à morte.Sim, tem havido um crescimento importante das matrizes energéticas renováveis, mas ainda em ritmo insuficiente para reverter as mudanças climáticas globais. A cada ano que passa, aumenta o derretimento de geleiras, a escalada de furacões e secas intensas, como a que atinge o Nordeste brasileiro.O Brasil, aliás, pode ver um aumento de 7 graus na média de temperaturas até o final do século. O Nordeste, com mais seca, a Amazônia, com savanização, e o Sul e Sudeste, com temporadas mais fortes se chuvas, mas eventualmente também de estiagem, são os mais atingidos.A hora é mais do que grave. Mas a cegueira institucional, o egoísmo tanatopolítico, em escala global, estão levando a um impasse quase sem saída.

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