CINEMA

Hollywood consagra fantasia na premiação do Oscar 2013

Academia "esquece" os documentários Lincoln e A Hora Mais Escura e premia Argo e As Aventuras de Pi

Agência Estado
26/02/2013 às 13:27.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:09

No confronto com a política, Hollywood preferiu a arte do ilusionismo. Foi essa a mensagem passada pela Academia de Artes Cinematográficas na festa da entrega do Oscar, que terminou na madrugada de ontem, em Los Angeles. As vitórias de Argo (melhor filme e roteiro adaptado) e As Aventuras de Pi (direção, além de uma série de prêmios técnicos) comprovam que a meca do cinema ainda aposta em suas próprias forças, baseadas na técnica e na magia.

O recado também foi passado a Steven Spielberg, um dos responsáveis pela consolidação da indústria da ilusão e que, com sua biografia portentosa de Lincoln, ficou apenas com a previsível estatueta para Daniel Day-Lewis como ator; e principalmente a Kathryn Bigelow, cujo longa A Hora Mais Escura e sua trama incômoda foi ignorado pela Academia.

“Eu queria trabalhar com esses caras (os também produtores Grant Heslov e George Clooney) e eles me convenceram a dirigir esse roteiro”, comentou Ben Affleck, na entrevista coletiva depois da cerimônia. Argo, em suas mãos, mais que um relato político, ressalta a força da ilusão hollywoodiana ao contar a história do mirabolante resgate de cidadãos americanos do Irã, em 1979.

Ainda que fiel ao livro que inspirou a trama, Affleck reconheceu que foi preciso tomar liberdades criativas. “Quando se faz um filme histórico, naturalmente é necessário que se façam escolhas criativas a fim de condensar a trama em uma estrutura de três atos. Procurei honrar a verdade da essência, o tipo de verdade fundamental que marca a narrativa.” Ao final, porém, os protagonistas do filme tendem mais para os artistas do cinema, interpretados por John Goodman e Alan Arkin, que propriamente os agentes da CIA responsáveis pelo resgate.

Os desafios de Ang Lee, em As Aventuras de Pi, foram distintos. “Foi um milagre ter realizado esse filme”, observou. “É um livro filosófico, que implicava uma produção cara. Ou seja, a pior combinação possível.” A solução encontrada foi realizar o filme em 3D, o que poderia assegurar um sucesso na bilheteria. Lee, porém, tinha outro objetivo para a técnica. “Para mim, filmes assim são uma grande arte visual, não é apenas um elaborado trabalho de computação gráfica”, comentou.

É nisso em que também acreditam os produtores da festa do Oscar, Craig Zadan e Neil Meron. Eles criaram uma cerimônia que, sob o comando de Seth MacFarlane, foi mais sarcástica e maliciosa, culminando com a grande surpresa da participação da primeira-dama americana, Michelle Obama. “Foram semanas de negociação, sempre em segredo”, contou Zadan. “Viajamos em um jato fretado pela ABC (rede de TV que transmite o Oscar para todo o mundo) e, na Casa Branca, todos usaram identidade secreta para não chamar atenção.” Mais um ponto para os ilusionistas. 

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