Histórica e inesquecível

A torcida da Ponte Preta comemorou ontem (e vai comemorar hoje, amanhã  e por muito tempo ainda) uma das vitórias mais marcantes da história do clube. Eliminar o campeão argentino em Buenos Aires em jogo que vale vaga na semifinal da Copa Sul-Americana seria um feito expressivo para qualquer clube brasileiro ou sul-americano. Para a Ponte, que debuta em competições internacionais, foi espetacular. Ao apito final de Wilmar Roldán, Roberto, Artur, César, Sacoman, Uendel, Baraka, Magal, Elias, Fernando Bob, Chiquinho, Betão, Rildo, Régis e Leonardo entraram para a história da Ponte Preta. Comandados por Jorginho, esses 14 jogadores derrubaram o Vélez Sarsfield e seu favoritismo. Não foi com uma derrota no sufoco como em Pasto, não foi com um empate com gols e nem nos pênaltis. Aplicada, eficiente e guerreira, a Ponte Preta cravou dois gols no placar do José Amalfitani. Foram os dois primeiros gols oficiais do clube no Exterior. Gols históricos, assim como tudo o mais que envolveu esse Vélez 0 x 2 Ponte Preta. O técnico Jorginho teve enorme participação na vitória. A Ponte não foi à semifinal apenas porque ele escalou o time muito bem ontem. Jorginho tem outros méritos. A Ponte atravessa uma maratona desgastante, não apenas pela sequência de jogos, mas pela enorme pressão a que vem sendo submetida nas duas competições que disputa. Em uma, luta para evitar o rebaixamento. Na outra, carrega nos ombros o sonho da torcida, eufórica não mais apenas com a inédita participação em um torneio internacional, mas também pela proximidade do tão desejado título. Pois Jorginho vem manejando suas peças com maestria nesses jogos seguidos e extremamente importantes. Tem escolhido bem as peças, poupando um jogador aqui, outro ali. Mudando o estilo de jogo de acordo com o adversário e com suas opções a cada desafio. Rildo é um que não disputa todas as partidas. Do jeito que corre e apanha, não aguentaria. Pois Jorginho o guardou em algumas oportunidades para colocá-lo na mesa ontem. Jogada de mestre, que tirou o Vélez da briga pelo título. Minha primeira matéria sobre o futebol de Campinas foi publicada pelo Diário do Povo, em 1989. Foi sobre o ambiente na cidade no dia de Ponte 3 x 1 Taquaritinga, jogo no qual a Macaca garantiu seu retorno ao Paulistão. Comecei o texto com “Campinas amanheceu diferente ontem” e terminei com “Campinas amanheceu diferente hoje”. Frases que caberiam muito bem em qualquer matéria que eu fosse escrever hoje sobre a vitória histórica em Buenos Aires. Parabéns, Ponte Preta.