Cirurgia de alta complexidade foi realizada pela 3ª vez no hospital e durou três horas
Uma menina de sete anos é a primeira criança a passar por um transplante de osso no Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A cirurgia de alta complexidade foi realizada pela terceira vez no hospital no último dia 15 e durou três horas.
A pequena L., que mora em Limeira, tinha um tumor benigno chamado displasia fibrosa e recebeu um enxerto ósseo. Ela passa bem e deve receber alta ainda nesta semana. A mãe de L. se diz aliviada com o estado de saúde atual da filha. “Ela está só com dor, mas não vai precisar nem de quimioterapia”, afirmou. Segundo a assessoria de imprensa do HC da Unicamp, o hospital é o único credenciado na região pelo Ministério da Saúde para esse tipo de procedimento. O osso foi fornecido pelo Banco de Tecido Músculo Esquelético (Unioss) da Universidade de Marília.
De acordo com o coordenador da área de oncologia ortopédica do HC, professor Maurício Etchebehere, responsável pela cirurgia, no caso de L., o transplante foi a melhor alternativa para o tratamento do tumor ósseo, que causa deformidades, principalmente no quadril, e que acomete uma em cada 100 mil pessoas. “No caso dela, se você coloca o osso dela mesma, que já é alterado, a chance do tumor voltar é maior. Com o osso de um doador, a chance de reincidência cai para cerca de 5%.”
A previsão é de que a menina volte a andar com apoio total no chão e sem ajuda de muletas em três meses. Para que L. retome sua vida normal é necessário que o enxerto ósseo esteja integrado ao osso da menina. “Geralmente, a integração do enxerto ocorre mais rápido em uma criança do que em um indivíduo adulto”, esclareceu.
O ortopedista da Unicamp explicou que o procedimento consistiu na abertura do osso exatamente no local do tumor, seguida de uma raspagem do osso onde estava alojado o tumor. A cavidade formada é cauterizada com bisturi elétrico e, em seguida, a equipe faz uma lavagem com soro fisiológico. Uma pequena fratura é feita no osso para corrigir a deformidade óssea causada pelo tumor. Depois, duas hastes de titânio são introduzidas no interior do osso para mantê-lo estável.
A última etapa da cirurgia foi o preenchimento da cavidade com enxerto ósseo. Foram utilizadas 100 gramas de osso esponjoso, preparado em pequenos cubos de 1 centímetro. “Os fragmentos de osso são bem comprimidos no local onde antes havia o tumor.”