RUBENS MORELLI

Guru do plim-plim

Rubens Morelli
16/08/2013 às 15:01.
Atualizado em 25/04/2022 às 05:09

Recentemente, em entrevista ao jornal Lance!, o meio-campista Alex, do Coritiba, reclamou do horário dos jogos às quartas-feiras à noite, aqueles que acontecem depois da novela. Segundo o craque do Coritiba, a partida das 22h é um desrespeito ao torcedor, que não tem transporte de volta para casa e ainda precisa acordar cedo para trabalhar no dia seguinte. Segundo o camisa 10, o horário é um dos motivos para a pequena presença dos torcedores nos estádios. Alex foi além e pôs o dedo na ferida: “A CBF cuida apenas da Seleção. Quem realmente cuida do futebol brasileiro é a Globo”.Por causa desse controle que a maior emissora de TV do País exerce sobre o futebol, fatos absurdos continuam acontecendo e estragando a beleza do esporte. Como o caso de Valdivia, que forçou o terceiro cartão amarelo para cumprir suspensão durante a rodada que não para durante as datas Fifa, aquelas que deveriam ser reservadas apenas às seleções. E que moral tem o STJD para julgar a atitude dos atletas em campo se o campeonato é feito com o interesse do Ibope?Aliás, como a rodada não para, já que toda quarta-feira tem futebol depois da novela, na quarta-feira, o Fluminense jogou sem Fred e Jean, e o Atlético-MG sem Jô. Na quinta-feira, o Botafogo atuou sem Jefferson.Na política do manda quem tem dinheiro, obedece quem precisa dele, a Globo faz do esporte brasileiro o que bem entende. As federações são obrigadas a aceitar as mudanças por um mínimo de exposição de seus atletas. E ainda sorrir, para ter de novo no ano que vem.É por essa lógica da exposição na TV aberta que campeonatos de esportes tradicionais no Brasil, como o vôlei, determinam que alguns jogos aconteçam nas manhãs dos sábados, contrariando a fisiologia dos atletas. É justamente esse dia que a grade de programação da emissora dá uma brecha. Depois, a Superliga, um torneio respeitado e estabelecido, que tem quartas de final e semifinal em séries melhor de três partidas, aceita que sua final aconteça em jogo único, em campo neutro, desrespeitando os torcedores que acompanharam os times durante todo o torneio, só para ter a decisão transmitida no canal aberto.A última novidade vem do NBB. Depois de anos de ostracismo, o basquete brasileiro voltou a ter uma competição atraente para os torcedores. Com sistema de playoffs na fase final, copiando o que dá certo fora daqui. Aí os dirigentes, louquinhos por aparecer na TV aberta, já aceitam fazer as finais em dois jogos, como se fosse uma Libertadores. E se houver um vencedor em cada jogo, o saldo de pontos definirá o campeão. Só falta entrar no critério de cestas fora de casa. Quem foi o gênio que inventou isso? Por que a NBA nunca pensou numa ideia tão brilhante?Enquanto as federações não tiverem autonomia para definir suas próprias regras, sem a dependência de um guru do plim-plim para isso, o esporte brasileiro continuará nesta draga. E não há Olimpíada no Brasil que ajude.

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