Coluna publicada na edição de 25/4/18 do Correio Popular
Começo a escrever a coluna minutos antes de Liverpool e Roma entrarem no lendário gramado do Anfield, pela semifinal da Liga dos Campeões. Mohamed Salah — ator principal do confronto por ser um astro diante de seu ex-clube — é o tema da coluna. E voltarei ao jogo no último parágrafo, depois de comentar um interessante entrevista de Pep Guardiola sobre o atacante egípcio. No domingo, Salah foi eleito o melhor jogador da temporada 2017/18 da Premier League. Artilheiro da competição com a impressionante marca de 31 gols, Salah era um dos favoritos ao prêmio. Mas Guardiola, técnico do já campeão Manchester City, contestou a escolha. Para ele, o belga Kevin De Bruyne, genial articulador de sua equipe, foi o grande craque do campeonato. “Para mim, estes prêmios são relativos porque não houve melhor jogador do que De Bruyne durante os nove ou dez meses da temporada. Em termos de continuidade, de jogar de três em três dias nas mais variadas competições... Peço desculpa aos homens dos números, há jogadores com marcas melhores, mas ele foi o melhor jogador da equipe que foi campeã com cinco rodadas de antecedência”, rebateu o treinador. Nos números, Salah leva a melhor sobre qualquer outro jogador da Premier League. Além dos 31 gols, fez nove assistências. Participou diretamente de 40 dos 80 gols já marcados pelo Liverpool no campeonato. O segundo nesse quesito foi Harry Kane, com participação em 28 gols (26 bolas na rede e duas assistências). É preciso levar em consideração que De Bruyne não é um finalizador. Na função de criar oportunidades, foi superior a todos. Fez 15 assistências, à frente de outros dois companheiros de City: Sané (12) e David Silva (11). Como marcou oito vezes, De Bruyne participou de 23 dos 98 gols do Manchester. Não se discute que o peso da conquista do título é enorme. É raro que o jogador escolhido como melhor de um campeonato não tenha sido também o campeão. Salah terminará entre a segunda e quarta posição. De Bruyne foi campeão com folga. Guardiola tem razão em diversos aspectos, mas os números de Salah são impressionantes e, mesmo sem o título, é justo que seja apontado como o melhor do campeonato. Voltando ao jogo que acabou há pouco no Anfield, Salah fez dois golaços e duas assistências na goleada de 5 a 2 do Liverpool sobre a Roma. O egípcio de 25 anos está a um passo da final da Liga dos Campeões. Isso não tem nada a ver com a eleição para o craque da Premier League, mas indica que a escolha não foi tão absurda assim.