POLÊMICA

Grupo propõe tirar terminais do Centro de Campinas

Conceito é que estruturas degradam a região central e sua retirada permitiria a revitalização de todo o entorno da região central

Maria Teresa Costa
teresa@rac.com.br
16/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:37

Terminal recebe milhares de pessoas todos dos dias (Camila Moreira/ AAN)

Os debates para a elaboração de um novo Plano Diretor de Campinas e a revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo estão colocando na pauta uma proposta polêmica — tirar os terminais de ônibus do Centro da cidade. A ideia é que eles não façam mais ponto final na área central, mas apenas passem por ela, e que os terminais sejam implantados nos bairros. Com isso, os espaços onde estão esses equipamentos — na região do Mercado Municipal e no Terminal Vicente Cury — seriam apropriados pela cidade, como praças, centros gastronômicos ou outras atividades. “Terminais são equipamentos de degradação do Centro”, afirmou o arquiteto e presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU) Fábio Bernils. Ele integra o grupo que discute propostas para melhorar a mobilidade em Campinas. O grupo, formado por representantes da Prefeitura e da sociedade civil é parte da Comissão Geral Participativa (CGP), uma das instâncias de debates de problemas e propostas que envolvem a gestão do uso e ocupação do solo e a revisão do Plano Diretor.A saída dos terminais do Centro, segundo ele, devolveria à cidade espaços importantes que hoje estão deteriorados. “Com a inauguração do Terminal Metropolitano na Rodoviária, a situação ficou pior, porque hoje temos um grande quantidade de pessoas circulando entre o Terminal Central e o Metropolitano, que vai cada vez mais atraindo o comércio informal e não se consegue melhorar a circulação, o entorno vai ficando cada vez mais atulhado”, disse.Esses equipamentos recebem milhares de pessoas por dia. No Terminal Central, por exemplo, 32 linhas do sistema Intercamp utilizam o local, para cerca de 70 mil pessoas. O Terminal Mercado recebe 28 linhas e 20 mil pessoas por dia.O urbanista Geraldo Castro de Oliveira concorda com a tese: terminais de ônibus, além de desnecessários no Centro, contribuem para tornar as regiões centrais mais inseguras e feias. “Veja como o terminal central transformou aquela região para pior. Antes tínhamos uma bela praça embaixo do Viaduto Cury. Hoje temos um terminal, com uma infinidade de barracas do comércio informal, uma poluição visual tremenda, e como área que atrai muita gente que precisa de transporte, atrai também assaltantes. Andar por ali é um risco, quando poderia ser um lugar bonito, de passeio para as pessoas”, afirmou.O grupo que discute o capítulo “Locomover-se em Campinas” propõe também que sejam criadas mais centralidades de bairro, com serviços e comércio para reduzir os deslocamentos, e que também seja desistimulado o uso de carro no Centro para que a circulação de pedestres seja priorizada. O grupo propõe equipamentos como estacionamentos subterrâneos sob espaços públicos, devolvendo espaços do carro para o pedestre e a criação de bicicletário em terminais de ônibus para favorecer a articulação entre diferentes modais de transporte.O fim dos terminais de ônibus no Centro exigirá uma remodelação do sistema de transporte para que os bairros passem a receber os terminais, locais de ponto final. O fim dos terminais na região central, na avaliação do arquiteto Carlos de Oliveira Mendes, é essencial para a revitalização do Centro. “Esses equipamentos, que em um período foram integradores, hoje atuam como desintegradores e estão na ponta da degradação ambiental e urbana dos locais onde estão inseridos”, afirmou.Para ele, a decisão tomada pela Prefeitura de não levar os BRTs para o Terminal Central foi a mais acertada. “Teríamos mais e mais ônibus chegando, atraindo a concentração do comércio informal. Esses ônibus podem utilizar estações de transferência para os usuários embarcarem e desembarcarem ao longo do trajeto e na própria área central. Não é preciso levar todo mundo para o mesmo lugar”, afirmou.

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