Grupo promove 'ocupação' da cidade, em Campinas

Não podemos mais dizer — ainda bem — que Campinas continua sem oferecer cultura à população. Depois de um período extremamente difícil, a cidade resgata um pouco da sua tradição e passa a contar com diversas atividades ao longo das semanas, em diferentes áreas, como teatro, artes plásticas, cinema, e por aí vai. Claro que ainda há muito a melhorar e, nós sabemos, que muito do que temos atualmente é graças a iniciativa privada. Mas já é um começo.

O que falta, entretanto, é levar essa cultura para as ruas da cidade. Literalmente. Transformar Campinas em um município que exala o que há de melhor na área para a comunidade, sem endereços fixos, sem preço. Isso, para nossa tristeza, ainda está longe de acontecer, principalmente vivendo em uma época que os shoppings quase ditam o que temos para fazer no final de semana. Neste, propriamente dito, os campineiros terão uma opção para “fugir à regra.”

A plataforma multidisciplinar conhecida como Nuvem, criada em 2011 com o objetivo de dialogar com diferentes aspectos da cidade, através da relação entre seus agentes e espaços, escolheu Campinas como um dos três municípios no País a ser explorado por seus “happenings” — aqueles que compram a ideia do grupo e se envolvem com a ocupação dos espaços públicos.

Um encontro aleatório entre pessoas em um determinado local de forma gratuita e não seletiva, normalmente de bicicleta e com muita música. Uma ideia que se posiciona ao contrário das iniciativas particulares e comportamentais que privilegiam a cultura da exclusão e da formação de nichos.

“É algo simples: a ocupação urbana através do som, das bicicletas e do ‘faça-você-mesmo’, já que qualquer um pode chegar, participar e fazer a sua parte. O projeto tem essa abertura de que todos estão convidados, exatamente o contrário do espaços privados”, acrescenta André Amaral, um dos membros do Nuvem.

Contemplado com o edital Rede Nacionais da Funarte, o grupo, formado originalmente por sete integrantes vindos de áreas tão diversas e complementares como artes visuais, design, DJs, produtores, cicloativistas, hackers e apenas entusiastas, já circulou em Curitiba e Porto Alegre antes de chegar a Campinas. Em todas as cidades, para deixar a “bicicletada” ainda mais interessante, eles realizam oficinas em parceria com outros coletivos artísticos, podendo assim explicar o real objetivo e os equipamentos usados na ocupação, como caixas de som com sistemas autônomos.

Aqui, a parceria foi firmada com o Ateliê Aberto e as oficinas acontecem hoje e amanhã, às 14h. E mais do que entender a ideia, o público local deve sugerir os lugares a serem visitados, valorizando aqueles que normalmente não possuem atividades culturais. E, com tudo preparado, o happening será realizado no sábado, às 14h, com ponto de encontro na galeria.

“Há uns dois anos, o Rio de Janeiro, de onde somos, principalmente por conta da Copa e dos Jogos Olímpicos, vem passando por um loteamento generalizado, dificultando algo que era comum para nós: ter atividades culturais nas ruas”, conta Amaral.

“Esse loteamento da cidade por grandes empresários e pelo próprio governo dificultou cada passo e nós temos que pedir permissão para tudo. No Rio, a classe média que morava na Zona Sul foi removida para a Zona Norte, e o povo de lá para os subúrbios. Tudo está complicado. Nós vamos trabalhar na contramão disso, porque existe uma alternativa que qualquer um pode executar, que é sair nas ruas”, completa, justificando o projeto. Se você concorda, ou quer apenas ter uma ótima tarde, essa é a oportunidade.

Agende-se 

O quê: Oficinas para a Ocupação Temporária,

com a plataforma multidisciplinar Nuvem(Happening no sábado, às 14h)

Quando: Hoje e amanhã, às 14h

Onde:  Ateliê Aberto (Rua Major Solon, 911, Cambuí, fone: 3251-7937)

Quanto: Grátis