CAMPINAS

Grupo promove novo protesto na Câmara

Manifestação reuniu cerca de 300 pessoas, que cobram reivindicações negadas pelo Legislativo

Bruna Mozer e Luciana Felix
29/06/2013 às 00:32.
Atualizado em 25/04/2022 às 10:40

Manifestantes voltaram nesta sexta-feira (28) às ruas de Campinas, desta vez para protestar na Câmara. Um grupo de 300 pessoas saiu do Largo do Rosário, no Centro, em direção à sede do Legislativo para voltar a pedir a adoção de uma série de medidas que integram um pacote de reivindicações entregue na última segunda-feira (24) aos vereadores. O protesto foi pacífico e não houve registro de incidentes e atos de vandalismo.

O pacote de reivindicações tem como ponto central a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para o transporte público, uma nova redução da tarifa (de R$ 3,00 para R$ 2,85) e a ampliação do passe livre para universitários e desempregados.

Na quinta-feira (27), porém, a Prefeitura informou aos manifestantes que não há recursos para bancar novos subsídios no transporte coletivo e descartou a adoção das medidas.

Esse foi o sexto dia de protestos em Campinas. Na Câmara, um grupo de oito manifestantes havia se acorrentado, à tarde, no portão principal do prédio do Legislativo, na Avenida da Saudade. O ato foi organizado pela Frente Contra o Aumento da Passagem, movimento que tem entre seus líderes alguns militantes de partidos de esquerda, como PSOL e PSTU. Do Centro, uma passeata foi de encontro ao grupo para apoiá-los no protesto.

Na frente da Câmara, a Guarda Municipal realizou uma barreira para proteger o prédio, mas não houve confusão. Quando a passeata chegou, o prédio já estava fechado e as luzes, apagadas. Os vereadores entram em recesso a partir da próxima segunda-feira (1) e as sessões estão suspensas até agosto.

O movimento acabou no Largo do Rosário, para onde todos os manifestantes voltaram em passeata. A preocupação maior foi com os ativistas que estavam presos com correntes no portão e que poderiam ser atingidos num possível confronto entre os guardas e manifestantes mais radicais.

Apesar de haver pessoas com o rosto coberto com bandanas, não houve registro de violência e vandalismo até o final da passeata, por volta das 21h. O movimento marcou para domingo (30) uma assembleia que será realizada no Centro de Convivência, às 10h, para debater os próximos protestos.

Durante o ato na frente da Câmara, os manifestantes pediram a presença do presidente da Câmara, Campos Filho (DEM), afirmando que queriam uma resposta positiva quanto às nove reivindicações feitas ao governo e ao Legislativo. O parlamentar não atendeu ao pedido.

A pressão maior tem sido pela abertura de uma CPI para realizar uma auditoria na planilha de custos da tarifa de transporte. Para isso, são necessárias 11 assinaturas (dos 33 parlamentares), mas até agora apenas cinco apoiaram o pedido.

Na frente do prédio do Legislativo, os manifestantes chegaram a gritar os nomes dos vereadores que se posicionaram contra a CPI, mas eles não apareceram para conversar com os manifestantes. No início da noite, os “acorrentados” deixaram o local. Por telefone, Campos Filho disse à reportagem que todas as respostas já haviam sido dadas ao movimento. Segundo ele, a Prefeitura não tem recursos para atender as reivindicações e esse não é o momento para a abertura de uma CPI.

Tanto na ida quanto na volta, a passeata fechou o trânsito da Avenida Francisco Glicério e foi acompanhada por dezenas de policiais. Moradores no entorno da Câmara saíram nas janelas e ficaram próximos apoiando o ato. Algumas pessoas também se solidarizaram ao protesto e entregaram comida e bebida aos ativistas que estavam acorrentados.

Os manifestantes afirmaram que o movimento vai se manter intenso, mesmo com o período de férias. “Se eles (vereadores) acham que a gente vai desistir por causa do recesso, estão muito enganados. O movimento vai continuar ainda mais forte”, disse um dos líderes, Luiz Müller de Faria.

Campos Filho afirma que não tem como atender aos pedidos

Enquanto o protesto ocorria na Câmara, o presidente da Câmara, Campos Filho (DEM), informava ao telefone à reportagem que não há como atender às reivindicações dos manifestantes — como havia sido informado ao grupo no dia anterior.

Eles chegaram a chamar pelo seu nome várias vezes e a dizer que os ativistas acorrentados ao portão do prédio só sairiam do local depois que o democrata desse uma resposta positiva ao pacote de pedidos feito ao governo.

Campos afirmou que todas as repostas já foram dadas aos manifestantes e que os pedidos não podem ser atendidos dentro de 96 horas, prazo estipulado pelo grupo.

“Estivemos reunidos quatro horas com essa comissão. As reivindicações deles são complexas e não são rápidas de serem solucionadas. Mas o diálogo foi aberto”, disse.

“Dá para baixar o preço da passagem em 96 horas?” A resposta ao grupo que representa a Frente Contra o Aumento da Passagem — que articula os movimentos — foi dada quinta-feira ( com a presença do secretário de Transportes, Sérgio Benassi, e de Relações Institucionais, Wanderley Almeida. Eles afirmam que a Prefeitura não tem condições financeiras para atender as reivindicações. Almeida disse, durante reunião, que para conseguir essas melhorias é preciso buscar apoio nas esferas estaduais e federais. A última medida da presidente Dilma Rousseff de desonerar as empresas de ônibus da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Programa de Integração Social (PIS) fez com que os Municípios reduzissem o valor da passagem. Campinas abaixou R$ 0,10. 

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