AJUDA

Grupo especializado em resgates críticos suspende atividades

OperaCÃO Resgate auxilia animais estuprados, esfaqueados e quase mortos por inanição; aumento no número de casos e queda nas doações no começo do ano suspenderam novos resgates

Raquel Valli
18/03/2015 às 21:37.
Atualizado em 24/04/2022 às 02:37
Brigadeiro é um dos filhotes oriundos de extremos maus-tratos, que foram recuperados pelo OperaCÃO Resgate, e que está disponível para adoção   (OperaCÃO Resgate )

Brigadeiro é um dos filhotes oriundos de extremos maus-tratos, que foram recuperados pelo OperaCÃO Resgate, e que está disponível para adoção (OperaCÃO Resgate )

Um dos principais grupos de proteção animal de Campinas, o OperaCÂO Resgate, especializado em resgatar animais em casos de maus-tratos extremos, como cães estuprados, esfaqueados e quase mortos por inanição, está com as atividades suspensas há um mês e meio devido a dificuldades financeiras. O grupo não conta com ajuda de nenhum órgão público. São protetoras que se uniram por conta própria e fazem o trabalho com dinheiro do próprio bolso e com a ajuda de todos os tipos de doações.    "Estamos quitando a dívida (de R$ 3 mil na clínica parceira Clivecam) para poder voltar. Agora temos limite na clínica, um valor que não podemos ultrapassar. Não podemos mais chegar a isso", relata a protetora Larissa Alves. O motivo da dívida ter chegado a tanto é o aumento no número dos casos críticos de maus-tratos e a diminuição nas doações feitas no começo do ano. "São casos sem fim", desabafa.    Para tentar levantar dinheiro, as protetoras fazem rifas e organizam brechós, entre outras atividades. Uma das rifas é a de um panetone recheado de chocolate, sai por R$ 10 o número, e pode ser comprada entrando em contato com Larissa. Já o segundo brechó da entidade está marcado para o dia 14 de março, das 10h às 17h, no número 78 da Rua Sampainho, no Cambuí.    O esforço do grupo é tido como surpresa e ao mesmo tempo orgulho para o médico-veterinário Dr. Jan Philip Pool, da Clivecam, que ajuda cobrando apenas os materiais usados e dá descontos nas hospedagens. "Durante toda a minha vida profissional (a clínica tem 36 anos e foi a sétima a se instalar em Campinas), sempre me decepcionei com as ONGs. Era muita conversa e pouca ação. Já com esse grupo foi uma grata surpresa. A coisa funciona. Essas protetoras fazem acontecer e põem a mão na massa", conta.   A próxima feira de adoção do grupo será neste domingo (8) das 9h às 14h no portão 2 da Lagoa do Taquaral (Concha Acústica).    Principais necessidades   "Não temos abrigo para hospedar nossos animais e contamos única e exclusivamente com a Clivecam e com a ajuda dos voluntários que oferecem hospedagem", conta a fundadora do grupo, Marjorie Rodrigues.   "Estamos recebendo inúmeros pedidos de ajuda, resgate e estamos sendo 'obrigadas' a fechar os olhos. Estamos com cerca de 30 animais adultos e filhotes precisando de adoção responsável e enquanto eles não forem doados e nossa conta não baixar, não podemos fazer mais nenhum resgate", lamenta.    O grupo precisa sobretudo de:    *Caminhas *Carona Solidária *Cobertores *Doação de prendas para rifas e para o brechó*Doações para castração *Doação para quitação de dívida na Clivecam *Madrinha/Padrinho (com qualquer valor) *Pote de água e de ração  *Ração para adultos e para filhotes *Voluntário para ajudar nas feiras de adoção *Voluntário que ofereça lar temporário       Responsabilidade de todos  Ao deparar-se com um animal abandonado, o que se deve fazer? A questão, não só de ordem beneficente, mas legal é respondida pela advogada Angelica Soares, especialista em proteção animal, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campinas e membro suplente do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Campinas (Comdema).   A pessoa deve levar o animal "a uma clínica veterinária (para fazer exames clínicos, tais como hemograma, vacinação, castração se for o caso), e depois disso, não podendo adotá-lo, contatar grupos de protetores e/ou a Prefeitura para obter ajuda e orientação sobre possível lar temporários e encaminhamento a feira de adoção"   Em relação ao papel da polícia, a advogada ensina que é obrigação da corporação averiguar os casos de maus-tratos denunciados. "A policia tem obrigação de averiguar, pois se trata de crime ambiental previsto no artigo 32 da lei 9.605/98. Porém, é importante que a pessoa (denunciante de preferência) acompanhe o caso e se for flagrante, obter testemunha, fotos, tudo que for possível para ajudar no trabalho da polícia".Caso a polícia se negue a averiguar, a advogada explica que o denunciante "deverá tentar obter ajuda da Prefeitura ou das ONGs, e, após ter conseguido ajudar o animal, que é prioridade, deve denunciar a omissão da polícia aos órgãos superiores, tais como Corregedoria da polícia, ou chefe superior".

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