A paralisação da categoria chegou a mobilizar 60% dos trabalhadores, segundo levantamento do Sinsaúde. Cândido Ferreira informou que não houve prejuízo aos pacientes.
Os trabalhadores do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira voltaram ao trabalho na tarde desta quarta-feira, 24, depois de acolherem, em assembleia, a proposta salarial da administradora do convênio com a Prefeitura de Campinas. A greve da categoria tinha começado na última segunda-feira. Os funcionários concordaram com o reajuste parcelado de 8,76%. Seis por cento serão pagos agora, em junho e, o restante (2,76%) em 1º de janeiro de 2016. Principal ponto de divergência nas negociações, o anuênio (adicional por tempo de serviço) está mantido e também receberá um aumento de 2%.A paralisação da categoria chegou a mobilizar 60% dos trabalhadores, segundo levantamento do Sindicato da Saúde de Campinas e Região (Sinsaúde). O Cândido Ferreira informou que nos dois dias de greve não houve prejuízo aos pacientes. As áreas mais afetadas foram as de alimentação, nutrição e lavanderia. De acordo com a administradora, cerca de mil funcionários trabalham no serviço e atendem atualmente de 6,5 mil a 7 mil pacientes com transtornos mentais ou com problemas relacionados ao álcool e outras drogas. Eles atuam no hospital psiquiátrico no distrito de Sousas, em onze Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além de oficinas, centros de convivência e em serviços residenciais terapêuticos.A proposta aceita foi uma das quatro propostas apresentadas pelo Cândido Ferreira e negociadas na terça-feira com os trabalhadores em uma reunião na sede do sindicato. Foram três rodadas de negociação até a decretação da greve. Os funcionários já haviam aceitado a reposição salarial de 8,76% (valor do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC), mas ainda tentavam assegurar que o anuênio também recebesse aumento. Apesar de afirmar que a proposta ainda ficou aquém do ideal, o diretor do Sinsaúde, João de Fátima, avaliou que o reajuste do bônus foi muito importante. “É o único benefício real que temos, porque o resto é apenas a reposição da inflação”, disse. Os trabalhadores pediam no início da campanha salarial 20% de aumento nos salários, plano de saúde familiar, manutenção do adicional por tempo de serviço e de outros benefícios já conquistados em campanhas aneriores.O Cândido Ferreira já havia manifestado que era favorável a manutenção do anuênio. De acordo com o serviço, ele evita a rotatividade dos trabalhadores que já foram treinados pela instituição. “Estamos fazendo um estudo para ver o que poderemos rever de custos este ano para bancarmos o aumento. Vamos ter que nos adequar internamente para readequar e honrar a proposta salarial. É uma questão de gestão”, afirmou o presidente do conselho diretor do Cândido Ferreira, Paulo César Teixeira de Magalhães.O convênio do serviço com a Prefeitura de Campinas para o atendimento de Saúde mental foi prorrogado por mais 12 meses no começo do mês. O Executivo desistiu de fazer uma licitação porque a União ainda não sancionou o marco regulatório que impõe regras nas relações entre governos e empresas do terceiro setor. O repasse mensal do Executivo campineiro baixou de R$ 5,7 milhões para 5,4 milhões, o que segundo a administradora tem impactado nas finanças. Em nota divulgada esta semana, a Secretaria Municipal de Saúde já havia informado que o convênio foi renovado com a anuência da entidade e que nos últimos anos a Prefeitura “absorveu vários serviços de saúde mental”.