A Ponte Preta estreia, nesta quarta-feira, na Copa do Brasil, contra o Náutico-RR, um adversário que até o início da tarde desta terça-feira tinha apenas oito atletas inscritos. É amadorismo puro e é de se lamentar que a Ponte Preta tenha que se apresentar no gramado do Estádio Raimundo Ribeiro de Souza. Se o Náutico mal consegue ter um elenco e um técnico, imaginem como deve dar pouca atenção ao gramado do "Ribeirão".Não tenho nada contra a participação de times pequenos de todo o País na Copa do Brasil. Muito pelo contrário. Acho que o número de participantes poderia ser bem maior, desde que as primeiras fases contassem apenas com a participação dos clubes de menor expressão. Os times que disputam as Séries A e B só deveriam entrar mais tarde, como acontece na Copa da Inglaterra.A Copa da Inglaterra é um modelo a ser seguido. A atual edição contou com a participação de 737 times e seu sistema de sorteio de jogos dá mais chances aos menores do que a Copa do Brasil, que define seus cruzamentos com base no ranking.No Brasil, os times grandes só se enfrentam nas rodadas finais, mas lá, eles podem se enfrentar antes, dependendo do sorteio. Assim, os menores conseguem ir mais longe, mas ninguém chega à glória sem esforço. O Wigan, por exemplo, só está na semifinal porque foi capaz de eliminar o City em Manchester.Mesmo com a impressionante marca de 737 participantes, a Copa da Inglaterra não expõe nenhum time ao risco de atuar em um piso ruim.Na terra da Rainha, por menor que seja o time e por mais simples que seja o estádio, o gramado está à altura de uma partida profissional. Pode não ser um tapete real como o de Wembley, mas também não é um gramado de várzea.Há cinco anos, os produtores do filme The Damned United (Maldito Futebol Clube) procuraram um estádio antigo, que pudesse reproduzir a atmosfera de um time pequeno do futebol inglês nos anos 60 e 70. Encontraram um estádio muito antigo, mas não um gramado ruim. Para que o campo ficasse parecido com o da época, os produtores tiveram que jogar uma grande quantidade de fertilizante na grama e fabricar um gramado ruim.Aqui, achar campos péssimos é muito fácil e isso mostra como o futebol brasileiro ainda tem muito o que evoluir. Não é só em Roraima, um estado com pouca tradição no futebol, que existem gramados ruins. Mesmo nos estados mais ricos, onde o futebol é forte (ou ao menos imaginamos que seja), gramados mal cuidados existem aos montes.O fato de encararmos isso com naturalidade mostra como estamos distantes do que deveríamos chamar de “futebol profissional”.