Governo vai ficar de olho nos preços praticados por hotéis

Grandes eventos esportivos costumam afetar positivamente a indústria hoteleira. Nessas ocasiões, também é comum os preços das diárias dispararem e apenas quem está disposto a pagar caro acaba levando adiante o objetivo de viajar e acompanhar de perto seu time ou seus esportes favoritos.

Um exemplo recente a não ser seguido é Londres. No ano passado, quando aconteceram os Jogos Olímpicos, os preços de estadia subiram até 300%, de acordo com a agência Jac Travel, e muitos quartos ficaram vazios. Para tentar contornar a situação, hoteleiros se viram diante da necessidade de fazer promoções já com o evento iniciado.

Para que isso não aconteça nos períodos da Copa das Confederações, em junho deste ano, da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, o governo e o setor hoteleiro firmaram parceira para monitorar as tarifas e buscar equilíbrio entre os preços praticados no Brasil.

O Ministério do Turismo e empresários do setor hoteleiro, através de suas entidades, como a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e a Associação Brasileira de Resorts (ABR), manterão um diálogo constante com o objetivo de alcançar preços justos. As entidades farão acompanhamento dos preços das diárias nas cidades-sede da Copa e informarão periodicamente ao Ministério do Turismo.

Números atuais

A Embratur divulgou recentemente a Pesquisa Internacional de Preços da Hotelaria, que é o resultado do monitoramento que o órgão faz nos preços de estadia desde a Rio+20, em junho do ano passado, quando foi verificado um aumento significativo nas diárias dos hotéis no Rio de Janeiro.

O levantamento, que considerou 29 cidades do Brasil e do Exterior, mostrou que é justamente o Rio de Janeiro, uma das cidades mais caras do mundo para se hospedar, seja a negócios ou a lazer. Para viagens de negócios, o valor médio das diárias na capital fluminense levantado na pesquisa foi de US$ 182,73 (cerca de R$ 363,00), estando atrás apenas de Nova York, cuja tarifa média foi de US$ 245,32 (R$ 487,00).

Já entre as viagens de lazer, o Rio de Janeiro ficou em terceiro lugar, com a média das tarifas de US$ 246,71 (R$ 490,00), tendo à sua frente somente Miami, com tarifa de média de US$ 293,57 (R$ 583,00) e Punta Cana, com US$ 278,90 (R$ 554,00).

Elencando apenas os municípios brasileiros que entraram na pesquisa, atrás do Rio de Janeiro, as cidades com estadia de negócios mais caras são São Paulo, Recife e Brasília. Nas tarifas de lazer Florianópolis, Recife e São Paulo, estão logo atrás do Rio de Janeiro. Para ambos os rankings foram pesquisados quartos para uma pessoa com reservas feitas com 14 dias de antecedência.

O presidente da Embratur, Flavio Dino, afirma que a redução de tributos do setor hoteleiro e da tarifa de energia elétrica contribuem para a queda nos custos e consequentemente para conter os valores das diárias e pacotes.

Pesquisa contestada

Questionado sobre o cenário atual dos preços praticados pela hotelaria brasileira, o presidente da ABIH, Enrico Fermi Torquato Fontes, afirmou que não pode discutir os resultados porque não concorda com a metodologia utilizada da pesquisa da Embratur. “A variação cambial é um dos fatores que faz com que o estudo não reflita a realidade”, diz. “Além disso, o levantamento não foi feito junto com o setor”, completa.

Na opinião dele, o que deve ser levado em consideração é o levantamento da Organização Mundial do Turismo (OMT) que mostra que o Brasil tem a diária mais cara do mundo. “Isso é porque a nossa carga tributária é a mais elevada do mundo”, ressalta.