GM leva experiência ambiental para o livro

A natureza sempre esteve presente na vida de Isaías Faro, inspetor de instrução ambiental na Academia da Guarda Municipal (GM) de Campinas e região, e tamanha proximidade e os anos de experiência o fizeram pensar em algo que pudesse despertar nas pessoas a reflexão e a conscientização sobre a responsabilidade ambiental. Em conjunto com o irmão, Ciro Faro, lançou este ano o livro Educação Socioambiental e Sustentabilidade.  A obra abre para o debate algumas das principais questões ambientais e a consequência da ação humana sobre o meio ambiente.  “Com o pouco de conhecimento acumulado ao longo da vida, motivado sob orientação do meu irmão Ciro, que terminou influenciado pelo assunto, temos como resultado essa obra com o intuito de contribuir com informações para a vida das pessoas no planeta”, diz o inspetor.  As 246 páginas exigiram 19 meses de dedicação da dupla e vieram para complementar a relação de aproximadamente 30 anos preocupado com a preservação da natureza. Faro conta que não teve grandes dificuldades na elaboração do trabalho, mas que precisou de muita paciência e tempo para pesquisas. A parte editorial e o lançamento, afirma, exigiram mais atenção.  Logo no início, o livro faz uma explanação sobre meio ambiente, aborda as dificuldades que haverá no futuro quanto à escassez da água, meio rural, educação ambiental, sociedade sustentável, educação socioambiental e traz uma breve discussão sobre sustentabilidade. O texto transcorre de maneira clara e de fácil leitura. Essas aliás, foram estratégias que o autor considerou importantes para uma melhor compreensão. Não foi à toa que considerou a receptividade dos amigos pelo assunto o termômetro que esperava de todo o trabalho.  Durante muito tempo, diz o guarda municipal, a relação do homem com o meio ambiente tem se mostrado predatória e indiscriminada. “A natureza foi muito prejudicada pela ação humana. Talvez nem tenhamos como reverter esse processo”, considera. “Diante da situação de risco que nos envolve, sem perceber que seu tempo não é o mesmo dos processos naturais, o homem precisa adotar uma perspectiva mais construtiva de futuro”, acredita. Tanto que a parte considera mais importante pelo autor é o capítulo 5 — Sociedade Sustentável —, pois, segundo Faro, para melhorar o meio ambiente, ainda falta educação socioambiental consciente e mais ação do poder constituído.  Os anos de trabalho voltados à preservação da natureza, com palestras e cursos em escolas de Ensino Fundamental e Médio de Campinas, só fizeram aumentar a necessidade de buscar algo que complementasse e atingisse outros níveis. “O objetivo das palestras era conscientizar os jovens a estabelecer uma convivência saudável com a natureza e a importância da preservação da biodiversidade”, explica Faro. Agora, com o livro, pretende levar e ampliar essa mensagem para um público maior. Autor planeja edição sobre a água  Conciliar a vida de inspetor ambiental com a de escritor não é fácil, exige dedicação e muita análise para lidar com as situações. Experiente no assunto, o guarda municipal Isaías Faro ensaia algumas ideias e já estuda a possibilidade de um novo trabalho, com foco exclusivo sobre a água.  O material coletado durante a pesquisa para o livro Educação Socioambiental e Sustentabilidade despertou, paralelamente, o interesse pelos recursos hídricos, que agora passam a ser seu tema principal. “A água é o princípio da vida. Não só nós, os seres humanos, mas também todos os seres vivos, como as plantas e os outros animais, precisam dela para garantir a sobrevivência”, destaca o inspetor. Segundo Faro, o consumismo exagerado, a densidade demográfica e a falta de responsabilidade com os mananciais exigem uma mudança de comportamento imediata, tendo em vista as mudanças preocupantes no cenário. Para a futura obra, planeja algo mais local, pois, na sua opinião, para se pensar no global é preciso, primeiramente, pensar no regional.  Partindo desse princípio, Faro realiza há mais de dez anos palestras e visitas em escolas da rede estadual, municipal e particular do Ensino Fundamental. O assunto, que no início do contato é visto com uma certa resistência, aos poucos vai ganhando o interesse dos estudantes. “Está na base da educação uma mente comprometida com o meio em que vivemos e a responsabilidade dos atos. Se soubermos plantar esse sementinha da conscientização, com certeza teremos mais força para salvar o planeta”, afirma.  Ele acredita que essa mudança de comportamento, ainda que lenta e insuficiente, já pode ser sentida ao longo dos anos. “Se, antes, nós precisávamos ter a iniciativa de ir até as escolas, hoje são as escolas que vêm até nós. Percebemos também que não se trata de modismo e sim do despertar da consciência.”