CARLO CARCANI

Gislaine x Guarani

Carlo Carcani
carlo@rac.com.br
08/03/2013 às 20:35.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:30

Há muitos anos, a advogada Gislaine Nunes ganhou notoriedade ao descobrir um filão no direito esportivo. Ela foi uma das primeiras a perceber que, com a criação da Lei Pelé, os jogadores de futebol passariam a ter direitos trabalhistas garantidos pela Justiça, o que não acontecia na época da extinta lei do passe. Começou a defender atletas em ações contra clubes, ganhou inúmeras e logo se tornou referência na área. Foi chamada de "inimiga número 1 dos clubes" e "mãezinha dos jogadores". Ganhou alguns processos de repercussão nacional (como o de Juninho Pernambucano contra o Vasco, em 2001) e então sua carreira deslanchou.

O grande mérito de Gislaine foi ter enxergado o filão. Ela não é uma advogada excepcional, dona de uma habilidade incomum que lhe garante vitórias impossíveis nos tribunais. Pelo contrário. Como não possuem donos e, muitas vezes, ficam nas mãos de dirigentes descompromissados com seus interesses, os clubes são presas fáceis em processos trabalhistas.

Muitos times atrasam salários, não recolhem FGTS e INSS e cometem outras irregularidades. Enfim, ignoram a lei com inadmissível frequência. É claro que Gislaine tem conhecimento de direito desportivo, mas ela não faz milagres. Já ganhou muitas causas porque a cartolagem não está nem aí para a saúde financeira dos clubes. Às vezes, os times sequer se defendem nos julgamentos. Vitória certa do atleta, com direito a uma indenização enorme.

No caso Eduardo-Guarani, porém, Gislaine está prestes a sofrer uma derrota humilhante (o julgamento está marcado para terça-feira) porque agiu de maneira incompatível com a experiência que acumulou durante tantos anos.

Em entrevista concedida à Rádio Bandeirantes na semana passada, ela cantou vitória, disse que o tempo da escravidão já terminou e chamou, repetidas vezes, o presidente e o técnico do Guarani de “criminosos” por que teriam coagido o garoto.

Gislaine desafiou Branco ao afirmar que tinha provas contra o tetracampeão. Acusou Álvaro Negrão com palavras fortes. Falou como se tivesse certeza da vitória.

Na audiência de quinta-feira, porém, o garoto Eduardo não fez nenhuma acusação ao Guarani e Gislaine não apresentou nenhuma prova. A derrota de Gislaine é dada como certa e ela correrá o risco de perder outras, caso o Guarani e, principalmente, Branco, resolvam processá-la pelas acusações graves que fez antes da audiência. Acostumada a vitórias fáceis contra clubes que não cumprem suas obrigações (caso de sua última ação de grande repercussão, entre Flamengo e Ronaldinho), Gislaine pecou pelo excesso de confiança. Como se vê, ela não faz milagres.

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