CECÍLIO ELIAS NETTO

Gays, 'pour épater le bourgeois'

Cecílio Elias Netto
07/06/2013 às 05:02.
Atualizado em 25/04/2022 às 12:59

E já me antecipo: pouco se me dá se vier gritaria histérica dos que me chamarem de preconceituoso, atrasado, retrógrado, homofóbico. Não o sou. Mas está na hora, penso eu, de falarmos muito mais em conceitos do que em preconceitos. Pois, pelo menos para mim, esse carnaval todo de movimentos gays já ultrapassou minha capacidade de paciência e tolerância. Até para a farra, há limites. E movimentos gays — especialmente quando se manifestam em paradas — são apenas carnaval fora de época. Com boa rentabilidade, como Daniela Mercury parece ter enxergado.

Pois o que me abestalha é a ingenuidade da multidão dos chamados gays deixando-se instrumentalizar por táticas e estratégias apenas mercadológicas. Ora, revelou-se que a passeata rendeu cerca de 6 bilhões de reais à indústria de entretenimento, incluindo companhias aéreas, hoteleiras, restaurantes, casas de massagens, produtos eróticos etc.

Os franceses têm uma expressão que considero a mais completa para explicar coisas enganosas: “Pour épater le bourgeois”. É, em tradução simplória, quase o mesmo do nosso “enganar trouxa”, “fazer de conta”, “para inglês ver”. Ora, a homossexualidade é uma questão séria demais para ser tratada com leviandade, estardalhaço e superficialidade. Não pode mais haver dúvida em relação aos direitos civis de homossexuais, em relação, especialmente, à união estável. Só que não se trata de casamento. Pois este é — em todas as culturas e por definição — “qualquer projeto de vida em comum entre pessoas de sexos diferentes”.

Há, porém, uma campanha mundial para o desregulamento social, da mesma forma como aconteceu o desregulamento da economia, a fragilização do Estado, a desmoralização da família, a transformação da pessoa em simples consumidor. Importa, agora, a capacidade de alguém consumir, não o ser humano que é.

Insisto: a homossexualidade é uma questão profundamente séria na vida das pessoas. Não pode, pois, ser tratada como mera banalidade ou superficialmente. Os verdadeiros homossexuais são, quase sempre, pessoas sérias, geralmente inteligentes, cultas e sensíveis. E discretas e recatadas. Lembro-me — e volto a escrever sobre isso — de um jantar, em São Paulo, com amigos artistas e intelectuais. Entre eles, havia dois homossexuais. Foi quando, no restaurante, entraram, escandalosamente, alguns gays, fazendo estardalhaço e escândalos. Um dos artistas, entristecido, lamentou-se: “Estes são bichas, não homossexuais. E são eles que contribuem para a falta de respeito.”

Ora, a economia de mercado — cujos frutos são, hoje, grave questão social no mundo — torna tudo e todos compráveis e vendáveis. Movimentos gays já são parte de um mercado altamente rentável. Estimulá-los, torná-los aceitáveis, manifestações sem freios é simples consequência da pérfida teoria do “politicamente correto” que, por sua vez, decorre do também pérfido “pensamento único”. Tornar a humanidade uma manada controlável, subordinada, mansa é ter o controle do mercado. Vai daí a transformação do que antes era uma vergonha em orgulho. Pois era vergonha, antes, um jovem dar o... Dar a... Sejamos gentis e civilizados: “Dar o derrière”. Quem dava o “derrière” era o veado, a bicha. Hoje, é gay, orgulhosamente gay . E seu orgulho está em “dar o derrière”, ora vejam!

Perdeu-se a noção de compostura, de pudor público, de respeito. Se um homem e uma mulher trocam carícias exageradas em público, hão que ser advertidos ou penalizados. No entanto, isso tornou-se permitido para o veado de ontem que se tornou o “gay” de hoje. Por quê? Em minha opinião, simplesmente por termos perdido o senso das coisas, vulgarizando até mesmo conceitos. O homossexual tem o direito de ser ostensivo, ou seja, aquele que não se esconde. Mas agride ao ser ostentativo, aquele que faz alarde, aparato. O ostensivo pode ser qualidade. A ostentação será, sempre, condenável.

Desgraçadamente, meios de comunicação, indústria de entretenimento, a economia de mercado, os tempos materialistas minaram todos os alicerces sociais. Além dessa veadagem — e é essa a palavra diante da ostentação — quase coletiva, temos, agora, o “orgulho de ser prostituta”. Já saiu até anúncio: “Sou feliz sendo prostituta”. Qual a verdade nessa afirmação que tenta envernizar uma das mais dolorosas tragédias humanas?

Enfim, que cada um faça o que quiser com seu “derrière”. Mas discretamente. A menos que as crianças de antigamente estivessem com a razão quando cantavam: “Home cum home, muié cum muié, faca sem ponta, galinha sem pé”. Até que seria um bom hino para as paradas gays, não?

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