TENSÃO

Gate desarma falsa bomba e liberta vigilante em Campinas

Grupo especializado retira o artefato do corpo do vigilante do banco Itaú, que saiu do local algemado para receber atendimento médico e prestar depoimento; perícia vai analisar material

Do Correio.com
23/04/2015 às 10:54.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:49
Movimentação de Policiais nas imediações da agência do Itaú em Barão Geraldo ( Dominique Torquato/ AAN)

Movimentação de Policiais nas imediações da agência do Itaú em Barão Geraldo ( Dominique Torquato/ AAN)

Atualizado às 21h04 O distrito de Barão Geraldo, em Campinas, parou na manhã desta quinta-feira (23) para acompanhar o desfecho de uma tentativa de assalto a uma agência do banco Itaú, que durante quatro horas deixou imóvel um vigilante de 24 anos, com uma falsa bomba amarrada em seu corpo. O episódio isolou cinco quarteirões do Centro e mobilizou dezenas de policiais militares, guardas municipais e uma equipe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), que chegou de helicóptero da Capital para retirar o suposto explosivo da vítima.Por volta das 9h30, o vigilante da agência do Itaú Silvano Aparecido de Freitas entrou no banco, que fica na Rua Benedita Alves Aranha, e entregou um celular para o gerente, quando um bandido avisou que o vigilante tinha explosivos amarrados ao corpo e que era para o funcionário abrir o cofre e entregar todo o dinheiro. Desobedecendo a ordem dos bandidos, o gerente ligou para a Polícia Militar (PM).Poucos minutos depois, dois policiais entraram na agência, imobilizaram o vigilante e o colocaram deitado na porta do Itaú. Outros funcionários do banco que já se preparavam para mais um dia de trabalho foram imediatamente retirados o local. Com a chegada de mais viaturas e o anúncio de que o vigia estava com supostos explosivos amarrados ao corpo, houve então o isolamento de ruas em cinco quarteirões e todo o comércio evacuado. Inclusive uma agência do Banco do Brasil, que fica ao lado do Itaú não funcionou pela manhã. Pelo menos 20 comércios que ficam entre as Ruas Benedito Alves Aranha até a Avenida Santa Isabel foram fechados e evacuados. Inúmeros curiosos e trabalhadores dos estabelecimentos acompanharam o trabalho da polícia. "Escutei uma movimentação e quando fui ver a polícia estava retirando da agência um homem e o obrigando a deitar no chão. Em 25 anos trabalhando nessa região nunca tinha visto uma ação dessa proporção" , contou o comerciante Roberto Pompeu, que possui um comércio de produtos veterinários localizada na frente da agência Itaú.Jéssica Sedano, recepcionista de uma imobiliária, também falou sobre ação, que despertou medo em todos os seus colegas de trabalho. "Ficamos o tempo todo dentro da imobiliária, apreensivos. Nunca vimos isso nessa região", relatou. O vigilante Silvano, morador de Paulínia, permaneceu algemado e deitado em frente ao banco por cerca de quatro horas. A polícia a todo momento se aproximava dele com escudos, para proteção de uma eventual explosão. Por volta das 11h20, cinco viaturas do Batalhão de Ações Especiais de Campinas (Baep) deixaram o local para atender uma outra ocorrência de roubo à banco. Entretanto, o tenente-coronel da PM Marcí Elber informou que se tratava de um trote passado de um telefone público.As câmeras de segurança da área externa do banco e de outros comércios da redondeza serão analisadas pela polícia, para tentar alguma pista que mostre a presença de outras pessoas aguardando o vigilante.GateApós três horas em que o vigilante estava deitado na frente da agência, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), chegou de helicóptero, por volta do meio-dia, e iniciou a retirada da falsa bomba do corpo de Silvano às 13h10. Cinco minutos após a retirada, os policiais acondicionaram o material entre sacos de areia e efetuaram a explosão.Imediatamente houve a confirmação de que se tratava de um simulacro de explosivo. Nos restos do produto, que também passará por perícia técnica, um relógio e fios demonstraram se tratar de um objeto feito artesanalmente. As ruas foram liberadas e o trânsito voltou ao normal. A agência do Itaú ficou somente com os caixas eletrônicos em funcionamento durante a tarde.   InvestigaçãoO vigilante de 24 anos foi sequestrado no final da tarde de quarta-feira e levado para um cativeiro, cujo o local não foi informado pela Polícia Civil de Campinas. A confirmação de que Silvano ficou em poder de bandidos foi dada à tarde pelo delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais de Campinas (DIG), Carlos Henrique Fernandes. O vigilante foi liberado pela polícia após prestar depoimentos.O vigilante não tem nenhuma passagem pela polícia e está sendo considerado como vítima na tentativa de assalto. Ele passou a tarde prestando depoimentos na sede da DIG. O vigilante também refez o trajeto com os investigadores, desde o momento em que foi sequestrado até se dirigir para o banco.Nesse momento não podemos o responsabilizar de envolvimento. Mas hoje não temos elementos para dizer que ele simulou ou que em conjunto com outras pessoas planejou esse tipo de ação, que não deu certo. Estamos investigando profundamente o comportamento dele. Mas hoje ele é tratado como vítima , explicou o delegado Fernandes.No momento em que o vigilante chegou na DIG ele estava algemado, segundo a polícia por uma questão de procedimento padrão. Na volta da diligência com os policiais civis, Silvano voltou para a sede da delegacia sem as algemas.De acordo com o delegado, o vigilante foi submetido a mais de uma entrevista para confirmar se os fatos narrados estavam em concordância. A polícia agora busca mais detalhes, por exemplo, de como era o cativeiro, e de outros elementos que possam ser fundamentais para alcançar os integrantes da quadrilha. A polícia ainda não sabe precisar quantos pessoas estariam envolvidas no crime.A resolução o mais rápido desse tipo de ação, considerada uma modalidade nova de tentativa de assalto, para a polícia é fundamental para que não se crie "modismos" entre a criminalidade, como foi as ações das gangues da marcha-ré, por exemplo.  TransferênciaTrês funcionárias de comércios próximos à agência do Itaú e que pegam a mesma linha de ônibus que o vigilante, até Paulínia, informaram que Silvano é morador do bairro Bom Retiro e que atualmente mora sozinho. Descrito pela atendente Juliana Andressa Soares, de 26 anos, como sendo um rapaz "humilde e sossegado", quando soube que se tratava do vigilante com a suposta bomba amarrada ao corpo a reação foi de espanto. "Ficamos muito aflitas quando soubemos que era ele. A princípio todos diziam que ela um bandido que estava deitado do lado de fora", disseram Juliana e uma colega.Já outra funcionária do comércio e colega de viagem de Silvano, mas que preferiu não divulgar o nome, relatou que o vigilante trabalha na agência há pelo menos dois anos, mas que faz uns dois meses ele teria dito que queria ir embora. "Ele disse que queria pedir transferência para a cidade dele, e ficar mais perto da família", contou. Ela acredita que Silvano não tenha envolvimento na tentativa de crime, pois assim como a atendente considera o rapaz sossegado. A cidade onde mora a família do vigilante não foi informada pela polícia.A empresa que presta serviço de segurança no banco não quis conversar com a reportagem. Responsáveis pela empresa passaram a manhã toda acompanhando o andamento da ação, sempre em contato com a Polícia Militar. Três representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo de Atividade de Vigilância e Segurança Privada de Campinas (Sindivigilância) também se fizeram presentes, e relataram que após toda a fase de investigação irão disponibilizar atendimento psicológico ao rapaz. 

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