E-commerce

Garimpo Fashion

Com etiquetas que vão de marcas populares a grifes concorridas, peças seminovas vendidas na internet atraem cada vez mais clientes

Thaís Jorge
06/03/2015 às 09:07.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:04
E-commerce  (Istock)

E-commerce (Istock)

Seja pela praticidade da compra on-line, pelo desejo de economizar ou até mesmo pela versatilidade, eles estão cada vez mais na moda. E, aqui, essa expressão pode ser usada de forma literal. Roupas seminovas de marcas internacionalmente reconhecidas, peças exclusivas, bolsas e sapatos de grifes saem das araras virtuais deles, os brechós on-line, direto para a casa do cliente. A tarefa de garimpar o que pode ser reaproveitado em outros guarda-roupas é feita minuciosamente, e o resultado agrada a cada vez mais pessoas.   Foto: Istock De acordo com Maria Azevedo, proprietária do carioca Coquette Brechó, o segredo está em fazer uma curadoria com peças bacanas e, principalmente, em bom estado. “Acredito que esse é o segredo para boas vendas”, opina. Moradora do Rio de Janeiro, ela já vende para clientes de todo o País. “É muito bom atender o Brasil inteiro e fazer essa energia circular. Hoje se uma peça não funciona mais para uma pessoa, vai ficar incrível em uma outra. E elegância, para mim, é isso: ser sustentável, renovar e reciclar”, diz. Maria conta que, antes de iniciar as atividades do Coquette, foi sócia por três anos de outro comércio semelhante, o Maria Brechó. “Depois de uma experiência de sucesso, minha sócia tinha outros objetivos profissionais e, infelizmente, fechamos o Maria Brechó. Na época, resolvi continuar no negócio de brechó e então criei o Coquette”, explica. Foto: Divulgação Mudança de pensamento   Para a criadora do Coquette Brechó, o hábito de comprar peças seminovas em bazares tem se tornado mais comum no Brasil, além de visto como algo normal, moderno até. “Sempre gostei de viajar e procurar por brechós. E isso é comum pelo mundo. Nos últimos tempos, tornou-se cool ter peças vintage. Acho que muita gente nunca teve preconceito e sempre curtiu brechós; outras pessoas descobriram a compra nesses lugares pela mídia ou por dica de alguém”, comenta. Entre as peças vendidas no site, vestidos Isabela Capeto e camisas Daslu dividem espaço com blazers, calças e acessórios de marcas populares. Algumas lojas on-line especializadas na venda de produtos seminovos vão mais longe e comercializam, inclusive, itens eletrônicos usados, como máquinas fotográficas retrô e toca-discos. Para o fotógrafo Bruno Polimeno, essa é uma vantagem e tanto, e é o que, de fato, o atrai nesses cantinhos da internet. “Na minha primeira compra, adquiri uma câmera analógica e, na segunda vez, um smartphone. Os produtos sempre chegaram em perfeito estado”, conta. Ele conta que tem como hábito ficar de olho nas páginas dos brechós que ele mais gosta, para conferir oportunidades. “Costumo sempre dar uma olhada nos meus favoritos, garimpando algo que me interesse. Coisas relacionadas a fotografia sempre me atraem, por exemplo”, diz.Luxo é reaproveitar Foi no início de 2012, como uma forma alternativa de arrecadar recursos para ajudar entidades beneficentes, que a ideia começou a surgir. “Era uma forma de levantar dinheiro para as entidades sem ter que pedir para as pessoas”, explica Adely Hamoui, uma das quatro sócias do Recicla Luxo, brechó on-line especializado em marcas como Chanel, Balenciaga,e outras dessa estirpe, e que reverte os seus ganhos para associações beneficentes. Todas as peças seminovas comercializadas no site são recebidas por meio de doações. “Duas sócias fazem a seleção e a curadoria do que ofereceremos on-line. A outra sócia e eu nos dividimos entre o financeiro e o e-commerce. E temos uma funcionária para nos ajudar”, conta Adely.   Foto: Nadia Szajubok/Divulgação   Para que a peça entre na lojinha on-line, ela precisa preencher alguns requisitos. “Selecionamos o que achamos fashion, o que tem algum apelo e, lógico, tem que ser autêntico”, frisa. O mais surpreendente, segundo ela, é a aceitação dos clientes. “Cada vez mais vemos as pessoas sem preconceito com relação ao seminovo, e acho ótimo. Isso é sustentável. Essa cultura já existe há um certo tempo na Europa e nos Estados Unidos, e agora vem ganhando espaço por aqui”, pontua. De acordo com Adely, as doadoras são tão fiéis quanto a clientela. “A cada nova viagem que elas fazem, recebemos peças antigas”, revela. Ela ainda ressalta que, a primeira ideia era ter um bazar físico, mas o potencial da internet é muito alto e os custos, baixíssimos. “E isso vai cada vez mais envolver mais usuários. O fato é que quem se acostuma a comprar pela internet não larga mais”, opina.Enjoou? Tem quem goste! Sabe aquela camiseta estilosa do ex-namorado que ficou na sua casa até hoje, aquele tênis lindo mas que já deu o que tinha que dar ou a blusinha daquela loja superbacana que não está mais servindo? Pois é. É possível ganhar uma graninha com eles e ainda embelezar o guarda-roupas de outras pessoas. Na loja on-line Enjoei.com, o lema do desapego serve tanto para quem quer vender quanto comprar. É só criar um cadastro e montar a sua própria “lojinha”.   Foto: Istock   Roupas de segunda mão de marcas como Farm, Adidas, Osklen e outras moderninhas, disputam espaço com itens exclusivos e até mesmo com móveis e objetos para a casa, como petisqueiras, balcões, estantes e escrivaninhas. As máquinas fotográficas também têm espaço, além de diversas peças de decoração. Só na página do site no Facebook, já são mais de dois milhões de seguidores.   O Peguei Bode é outro site que tem o intuito de vender peças seminovas de pessoas que já tenham “enjoado” dos artigos. A diferença, aqui, é que os itens são objetos de desejo do mercado de luxo, e o internauta não pode vender nada para o site. Todos os produtos à venda vêm de amigas das proprietárias e de indicações, passando por uma triagem rigorosa. A um clique de distância Foto: Istock Se os brechós on-line fazem sucesso, o comércio eletrônico dá cada vez mais suporte para esse crescimento. De acordo com uma estimativa da Associação Brasileira de Comércio eletrônico (ABComm), o e-commerce nacional faturou cerca de R$39,5 bilhões em 2014, um crescimento de 27% em relação a 2013. O mobile commerce (compras feitas por meio de smatphones), também em ascensão junto à utilização em massa dos telefones celulares, é outro que deve incentivar a categoria dos serviços on-line em 2015.Para espiar:Coquette Brechó: http://www.coquettebrecho.com.br/Enjoei.com: https: //www.enjoei.com.br/Peguei Bode: http: //pegueibode.com.br/Recicla Luxo: https: //reciclaluxo.com.br/

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