CARLO CARCANI

Futuro em jogo

Carlo Carcani
carlo@rac.com.br
30/03/2015 às 22:35.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:38

“O Brinco de Ouro irá a leilão nesta quarta-feira e a expectativa da diretoria e da torcida é de que nenhum lance seja dado pelo estádio do Guarani Futebol Clube. Pode ser que isso aconteça, pode ser que não. Há mais de dez anos que o Guarani brinca com a própria sorte. Em termos esportivos, parou no tempo. Não está na Série C e na A2 por acaso. Virou figurinha carimbada nessas divisões (as quais nunca visitou durante mais de 50 anos) porque não acompanhou a evolução do futebol profissional.   No que diz respeito ao gerenciamento financeiro, se porta de forma absolutamente irresponsável, o que reduz sua credibilidade a zero. O leilão do Brinco foi determinado pela primeira vez em 2010. O Guarani argumentou com a Justiça do Trabalho e conseguiu impedir que seu patrimônio fosse vendido para pagar dívidas.   O que deveria ter servido como um enorme sinal de alerta foi solenemente ignorado. O Guarani continuou atrasando salários e, ao invés de se mostrar preocupado em controlar sua dívida, gerou novos processos.   Um novo leilão foi marcado para setembro do ano passado e, novamente, o clube conseguiu mudar a decisão da Justiça do Trabalho ao oferecer o terreno da Bandeirantes como alternativa. O clube prometeu então vender o terreno para pagar parte de suas dívidas.   Mais um ano se passou e o terreno, claro, não foi vendido. Até mesmo o pagamento de uma pequena parcela de R$ 125 mil (valor que equivale a menos de metade dos juros da dívida) deixou de ser efetuado.   Para o clube, esse comportamento pode parecer uma estratégia “inteligente” para ganhar tempo. Para a Justiça do Trabalho, essa postura é interpretada como falta de comprometimento de um mau pagador assumido, que só finge estar interessado na solução do problema quando está com a água no pescoço. Depois que o leilão é adiado, tudo volta ao normal.   O TRT rejeitou o mandado de segurança para cancelar o leilão porque já percebeu que o único interesse é empurrar o problema com a barriga. O pensamento da Justiça do Trabalho é o mesmo.   Pode ser que ninguém se interesse pela compra do patrimônio bugrino através de um leilão hoje. Mas um dia isso pode acontecer caso o Guarani não mude, radicalmente, o seu atrasado e perigoso modo de ser.”   Esse é o trecho de uma coluna que escrevi em outubro de 2013. Outras tantas com o mesmo teor foram escritas antes e depois disso. Todas elas são atuais. O Guarani paga agora o preço por anos e anos de total irresponsabilidade administrativa. Pode ser que consiga, na Justiça, evitar a perda de seu patrimônio. Pode ser que tenha outra oportunidade de mudar seu futuro. Mas pode ser, também, que não tenha futuro.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por