Com um déficit de pelo menos 160 funcionários da área de enfermagem, o Hospital Municipal Mário Gatti já cancelou mais de 40 cirurgias eletivas nesta semana, quando os enfermeiros, técnicos e auxiliares decidiram não realizar mais horas extras para protestar contra a falta de funcionários. A categoria decidiu, em assembleia, nesta sexta-feira (8), manter o movimento.A situação levou o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) a intervir. “Estamos fazendo um levantamento para saber quantos profissionais faltam e vamos pedir que a Prefeitura se comprometa a assinar um termo de ajustamento de conduta dando prazo para a contratação”, afirmou Geowanna Higino, da entidade.EspecialidadesSegundo o Mário Gatti, quatro especialidades (ortopedia, buco-maxilar, neurocirurgia e plástica) não estão fazendo cirurgias eletivas nem marcando novos procedimentos. Nas outras especialidades, são feitas de acordo com a disponibilidade de profissionais. E todas as cirurgias de urgência e emergência são feitas. Ainda de acordo com o hospital, são feitas, em média, 20 cirurgias por dia. A fiscal do Coren Aracy Campos Furlan afirmou que 50% dos profissionais de enfermagem do pronto-socorro fazem hora extra para poder atender a população. Muitos chegam a trabalhar dez horas diárias, quatro a mais do que prevê a carga horária. “A hora extra pode existir eventualmente, mas não da forma como vem acontecendo aqui há muitos anos”, disse.Sem previsãoA Secretaria de Recursos Humanos informou que não há previsão para contratação. Segundo a pasta, o reforço nas equipes está programado, mas ainda está sendo feito um estudo de impacto econômico dessas contratações. “Estamos esgotados, não temos qualidade de vida, vida social. A qualidade do trabalho, nessas condições, não é a mesma”, afirma uma enfermeira que não quer ter a identidade revelada.Durante assembleia realizada na tarde desta sexta-feira, o sindicato que representa os servidores afirmou que pretende ser recebido pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) para ter uma resposta efetiva sobre o problema. “Não somos contrários à hora extra, mas ela não pode ser usada para compensar a falta de profissionais”, afirmou o coordenador do sindicato, Jadirson Tadeu Cohen.Segundo o sindicato, são gastos R$ 500 mil com a folha de pagamento de horas extras dos funcionários do Mário Gatti e cerca de 40% dos atendimentos do hospital são feitos com base nas horas extras dos funcionários. A entidade diz que a verba poderia ser usada para contratar novos servidores.