RIBEIRÃO

Funcionários da Prefeitura protestam contra demissões

Foi a primeira reação às medidas anunciadas pela prefeita Dárcy Vera (PSD) para cortar gastos

Guto Silveira
20/09/2013 às 09:09.
Atualizado em 25/04/2022 às 03:08
Servidores do Daerp cruzaram os braços durante em protesto  (Guto Silveira/AAN)

Servidores do Daerp cruzaram os braços durante em protesto (Guto Silveira/AAN)

Servidores do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) da unidade operacional da Rua Pernambuco fizeram uma manifestação que durou praticamente todo o dia desta quinta-feira (19). Foi a primeira reação às medidas anunciadas na terça-feira pela prefeita Dárcy Vera (PSD) para reduzir os gastos da Prefeitura com salários e encargos sociais. Como uma das medidas é a redução dos servidores que ocupam cargos em comissão, os funcionários da autarquia reivindicaram a demissão deles do local. Logo pela manhã, às 7h, os funcionários nomeados foram convidados a se retirar do local, o que fizeram, e não retornaram mais. O secretário da Administração e superintendente interino do Daerp Marco Antonio dos Santos foi ao local e se reuniu com servidores e diretores do Sindicato dos Servidores Municipais. A pedido do secretário, o sindicato elaborou uma lista de possíveis substitutos para os que podem ser exonerados. Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores, Wagner Rodrigues, Marco Antônio pediu um prazo até as 14h30 de terça-feira para resolver a situação. Até lá, segundo o sindicato, todos os ocupantes de cargos em comissão foram suspensos. O Sindicato e os trabalhadores exigiram que os cargos de chefia fossem destinados a servidores efetivos (de carreira). “O secretário de Governo, Osvaldo Ceoldo, apresentou um pacote de cortes de gastos, o pacote da maldade, alegando que a administração está no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Então os servidores estão dando sua contribuição, queremos que as medidas de contenção de gastos comecem com a exoneração de todos os cargos comissionados da Prefeitura”, disse Rodrigues. Ele ainda apontou que estes servidores custam mais de R$ 3 milhões por mês. “A saída destes forasteiros vai gerar a economia necessária para equilibrar as contas, se é que existe um desequilíbrio”, afirmou.Comissão de EstudosA simples aprovação de uma Comissão Especial de Estudos (CEE) para analisar as dívidas da Prefeitura já provocou polêmica e discussões entre vereadores da base de apoio da prefeita Dárcy Vera (PSD) e integrantes da oposição. Isso porque opositores entenderam que a CEE pode servir apenas para justificar a situação financeira da Administração Municipal, responsabilizando gestões passadas. O requerimento da CEE foi feito pelo governista Walter Gomes (PR), que se recupera de uma cirurgia e não foi à sessão. Ele também convidou outros dois governistas –Bebé (PSD) e o líder do governa Câmara, Capela Novas (PPS)– para integrar a Comissão. Agora os vereadores oposicionistas querem fazer parte dos estudos. Capela Novas disse não ver problemas e que basta aprovar uma emenda para aumentar o número de integrantes. A discussão começou já no encaminhamento da votação, quando Ricardo Silva (PDT) lembrou que no início de seu mandato propôs uma CEE para estudar o número de servidores com cargos em comissão e terceirizados, mas não conseguiu aprovação. “Essa comissão foi negada. Fiz requerimentos e conseguiu obter parte das informações. Mas agora a situação se escancara, com as notícias de jornais e a própria prefeita tomando medidas para reduzir os cargos”, disse. Outro que lembrou ter tentado uma CEE negada (esta para analisar a situação do Daerp) foi o vereador Maurício Gasparini (PSDB). “O vereador Walter Gomes propôs e abriu uma CEE do Daerp e também aceitou o pedido de vereadores da oposição para compor a Comissão. Espero que agora ele também aceite pelo menos um vereador da base oposicionista”, afirmou. Outra que defendeu a participação da oposição foi a vereadora Gláucia Berenice (PSDB), assim como seu colega de partido Bertinho Scandiuzzi. É importante que na CEE tenha membros da oposição. Eu gostaria de participar”, disse a tucana. Pavio acesoMas quem acendeu o pavio de pólvora foi o vereador Bebé, ao levar para a tribuna um recorte de jornal de 21 de outubro de 2008 com uma matéria apontando que a dívida da Prefeitura havia triplicado durante a gestão do ex-prefeito Welson Gasparini. “O Maggioni (ex-prefeito Gilberto Maggioni – 2002 a 2004) deixou uma dívida de R$ 131 milhões e quatro anos depois ela chegou a R$ 530 milhões. Temos que averiguar estas dívidas que vieram lá de trás”, discursou o governista. Foi bastante para a oposição interpretar que a CEE tem nome, endereço e CPF. Que a intenção é apenas justificar a situação. “Parece que a CEE já começou. Entendo que é preciso chamar a todos para saber quem é que causou o problema”, reagiu Bertinho Scandiuzzi. Gláucia Berenice disse que o problema da Prefeitura é de falta de gestão e que a folha de pagamento de servidores mais que dobrou na atual administração. E também criticou os discursos de governistas. “Se já tem nome, endereço e CPF, a gente já entra meio enviesado no assunto, quando o ideal é nos debruçarmos para descobrir o que está acontecendo”, disse. E a discussão, claro, também chegou ao acordo judicial dos 28,35% pago aos servidores. O acordo foi feito no final do governo de Welson Gasparini (PSDB) em 2008, quando foram pagas parcelas simbólicas e o pagamento dos valores corretos teve início em 2009. “Já pagamos metade da dívida e hoje ela é maior”, disse Genivaldo Gomes (PSD). DesafioO mais irritado da noite foi o vereador Maurício Gasparini, filho do ex-prefeito. “Confesso que já estou preocupado. Achei que teria uma CEE séria, mas o que me deixa preocupado é que claramente não é uma CEE, mas uma manobra. Mas tudo bem”, disse o vereador assegurando que os números da administração de seu pai serão comprovados com documentos na hora certa. Ele ainda lançou um desafio, dizendo que o fazia juntamente com os demais tucanos da Casa. “Quem souber de um fornecedor que ficou sem receber da Prefeitura naquela administração que aponte. Um só. Que apresente uma só creche que ficou sem receber repasses da Prefeitura por três meses. Que também aponte uma só obra que sofreu atraso, como a UBS do Jardim Irajá, o Teatro de Arena. E sabem por que atrasou? Porque a Prefeitura não pagou as empresas”, disse. O vereadora ainda apontou que mostrará na CEE que a administração de seu pai deixou R$ 128 milhões em caixa. “Os vereadores vão virar as costas para estes documentos? Ainda bem que se está instalando a CEE, para passar a limpo esta administração de Ribeirão Preto”, disparou. A bancada governista preferiu se calar diante do discurso. Nem um aparte foi pedido e nem um discurso na sequência. 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