Proteção natural é reduzida, favorecendo o aparecimento de doenças dermatológicas
Nice Bulhões* Os ventos de Outono são o estopim para desencadear uma série de doenças, inclusive dermatológicas. Com a chegada do Inverno, em 21 de junho, data oficial do início da estação, aumentam os casos de alergias, eczemas (pele irritada), psoríase e dermatite seborreica, segundo a dermatologista Cláudia Marçal, do Espaço Cariz Dermatologia, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e especialista pela Associação Médica Brasileira (AMB). Ela explica que, neste época do ano, a proteção natural da pele, chamada de manto hidrolipídico, diminui. “Essa blindagem, protege o corpo do frio, da penetração das bactérias, fungos, vírus, de poluentes do ar, do contato com alergenos, como poeira, mofo e fibras de tecidos.” No frio, além de menor sudorese e menor ativação das glândulas sebáceas que produzem essa proteção da pele, existe ainda o hábito de se tomar banhos quentes e demorados, que diminuem ainda essa barreira natural. Resultado: pele mais seca e mais sensível. A doença mais comum dessa época do ano é uma hipersensibilidade crônica, bastante comum em crianças, que também acomete os adultos. “Ela ocorre por uma deficiência de produção das gorduras naturais de proteção, assim como da hidratação da pele”, explica Cláudia. A doença causa coceiras, podendo formar crostas e sofrer contaminações. “Para evitar esse quadro, devemos evitar tomar banhos quentes, buchas e sabonetes nas áreas afetadas”, explica Cláudia. Outra dica da médica é usar sabonete em torno do pH 5.5 somente nas áreas íntimas. Deve-se ainda abusar no uso de hidratante após o banho, de preferência, no intervalo não maior do que dez minutos. Cláudia lembra que a pele é responsável pela proteção química, por meio das secreções sudoríparas e sebáceas. “Esse filme natural contra agressões externas controla a eliminação de água do corpo e fornece proteção imunológica por meio de células especiais, que realizam a regulação térmica pela sudorese e pela vasodilatação”, diz. “Quando a pele está ressecada e desidratada, essas funções ficam comprometidas e o indivíduo se torna mais propenso ao aparecimento de doenças, como dermatite e infecções fúngicas, virais e bacterianas.” Outra dica da médica é usar roupas de algodão por baixo de lãs e tecidos sintéticos. COMO AGIR NO INVERNO Não tomar banho muito quente e prolongado. Usar sabonetes neutros ou infantis. Não usar buchas vegetais, esponjas, cremes ou sabonetes de banho com grânulos. Não se secar com toalhas ásperas para que não ocorra ainda maior perda da camada de proteção de água e gordura da pele. Se precisar de esfoliantes no corpo, usar no máximo uma ou duas vezes por mês, com grânulos finos, para não perder o revestimento natural da pele, evitando-se, assim, a contaminação por vírus, bactérias e fungos. Aplicar um bom hidratante corporal com produtos à base de ureia, ácido lático, ácido hialurônico, óleos vegetais, vitaminas e antioxidantes. A aplicação deve ser feita, no máximo, dez minutos após o banho para a absorção pela pele. Regiões como áreas de dobras do corpo (cotovelo, joelho, virilha, axila e pregas do glúteo) merecem atenção especial, principalmente, para quem tem dermatite ou eczema atópico. A alimentação passa a ser com mais gordura e quente nesta época, portanto, é ideal mesclar verduras e frutas que forneçam vitaminas essenciais à saúde da pele. Comidas gordurosas levam a um aumento da oleosidade e da acne nas peles com maior tendência a esse tipo de inflamação. Não esquecer de ingerir bastante líquido, principalmente água, sucos e chás. Evitar o uso abusivo de esmaltes nas tonalidades azuis, vermelhas amarronzadas e peroladas. Deixar as unhas sem esmaltar por um ou dois dias para realizar a hidratação local. É importante usar o filtro solar de fator 15, no mínimo, e FPS 30 nas peles sensíveis. Apesar do Inverno, deve ser usado diariamente na face, pescoço e mãos, evitando as queimaduras e o fotoenvelhecimento do sol “silencioso” da estação invernal. Os lábios merecem atenção especial porque, frequentemente, ficam sensíveis, muitas vezes com fissuras, descamação e ardência, queimados pelo vento frio. É necessária a aplicação de manteigas e vitaminas, como a pró-vitamina B5, duas a três vezes ao dia.