CLIMA

Forte estiagem seca até a água de poços em Campinas

Moradores têm de solicitar abastecimento para caminhões-pipa ou emprestar do vizinho

Maria Teresa Costa
11/02/2014 às 06:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 22:21

Um cenário dramático está atingindo a população que não recebe água encanada e depende de fontes próprias para sobreviver: os poços estão secando. A água que fica acumulada nos poços de baixa profundidade não consegue ser retirada e os moradores estão tendo que lançar mão de caminhões-pipa ou de empréstimos de água de vizinhos que possuem poços mais profundos. Mesmo condomínios, que têm poços artesianos, começaram a adotar medidas de racionamento para poder garantir a oferta para todos. No Vale das Garças, em Barão Geraldo, muitos moradores estão com os poços secos. O condomínio, formado por um conjunto de chácaras, tem rede de água, mas nem todas as famílias utilizam essa rede e os que têm seus próprios poços estão penando com a falta de água. “Está um sacrifício, porque a gente tem que ficar esperando juntar um pouco de água para puxar e ter como cozinhar, lavar roupa. Um dia lava roupa, outro usa essa água da roupa para limpar a casa. Banho tem que ser rápido. É um transtorno”, disse a dona de casa Neusa Schipionato. Na sua casa tem um poço de 7 metros de profundidade, seco. “Se não chover logo, não sei como iremos viver. Os vizinhos também estão sem água”, contou. Agricultura O agricultor Dorival Aparecido de Souza, que mora no Sítio São José, em Barão Geraldo, está vivendo dois dramas. Um, de não ter água no poço para regar a horta e outro para abastecer a família. “Abandonei a horta, porque não tem como regar. Quando junta um pouco de água no poço, não tem força para regar. Sai água na mangueira e dois minutos depois para”, contou. Para abastecer a família, ele está emprestando água do vizinho, que tem poço artesiano. O agricultor tentou abrir novo poço, mais profundo, mas desistiu porque viu que teria que escavar muito. “Essa é uma região de brejo e não dá para acreditar que estamos passando por isso”, disse. Racionamento O condomínio Xangrilá tem poço artesiano que garante oferta de água aos moradores, mas a seca já levou a mudanças na operacionalização do fornecimento, temendo riscos de desabastecimento diante de um prolongamento da estiagem. Ali, a água chega nas casas durante a noite, permitindo que os moradores encham as caixas de água. No Verde Vilage, a água subterrânea que abastece o condomínio de chácaras também está sendo racionada. “Montamos um esquema que permite que todos tenham água para as necessidades, sem desperdício. A gente abre o registro às 23h e fecha às 7h do dia seguinte. Nosso receio é que com essa seca, nosso poço artesiano possa se esgotar, então é bom que a gente tenha um consumo consciente”, disseram os moradores. Venda de água Essa situação fez aumentar em cerca de 20% a compra de água de empresas que ofertam o produto em caminhões-pipa. Comerciantes do setor dizem que cresceu a venda de água que retiram de poços artesianos, mas que a procura tem sido muito mais para encher piscinas de plástico. “Isso virou uma febre com esse calor. Nunca vi tanta piscina assim. Mas temos sendo muito procurados por famílias que estão com os poços secos”, disse o comerciante José Roberto de Oliveira. “A seca é ruim, mas está sendo boa para os negócios”, afirmou. Veja também Promotor cobra prefeitos contra crise dágua Campinas desperdiça 19,2% da água tratada Vazamentos na rede e hidrômetros velhos são as principais causas de perdas no sistema Condomínio cria racionamento próprio Moradores recebem água em horários intercalados durante o dia para economizar consumo

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por