MOACYR CASTRO

Ford, mas sai de Simca

03/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:41

“Quando comecei a dirigir, nos anos 60s, meu pai tinha um Simca Chambord 59 ou 60, verde e branco. Não era novo. Mas aguentou bem as pequenas batidas da nova motorista. Aquelas ‘pontas’ na frente e na traseira eram ótimas para segurar as pancadas. Com este carro, ‘levei’ a porta de um taxista. Não foi culpa minha... Ele abriu bem na hora que as ‘pontas’ dianteiras iam passar. Pela primeira vez, tive de pagar por uma barbeiragem -- em muitas parcelas, porque eu ganhava pouco. Tenho muitas histórias com este Simca. Muita saudade também!” Meyre ‘Fenix’ Raquel Tosi, bibliotecária. Para compensar esse desastre ao volante, a autora da confissão acima me manda bela sequência com a trajetória fotográfica do mais bonito, confortável e pior automóvel da história do Brasil. Uma fraude. Conta o repórter Roberto Godoy o susto que tiveram ao abrir o primeiro motor: era de um Ford francês 1937 V-8. Foi lançado no Brasil em 1959, com a pompa e circunstância que a bela viola exigia. Para quem não se lembra ou não sabe, “sua santidade Betão I e único”, recorda: “Era o carro dos bacanas, em três versões: Chambord, Rally e Presidence – este com o estepe num estojo branco preso à traseira. Rodas raiadas. O máximo. Campinas acho que não teve concessionária, mas havia uma loja de peças na Glicério com Moraes Salles. Mesmo assim, três andorinhas nas laterais sugeriam que fosse um veículo campineiro. O modelo mais bonito que circulava pela cidade era do Theodorinho Oliva, preto, com rodas francesas, assentos duplos e câmbio no chão.”. Viracopos inaugurou voos internacionais em 1960 e o Simca tornou-se o carro oficial dos taxistas do aeroporto. Seo José Bernardes de Souza, marido da dona Maria e pai do Nelson, do Jamelão, da Neusa e da Regina tinha um. Quando o time do Santos voltava das excursões à Europa, ele era o motorista oficial do Rei Pelé até a cidade de Santos. Antes da viagem, infalível, sua majestade fazia questão de jantar com seo Zé no restaurante do seo Apostol Tako, dono do único restaurante do mundo que tinha um aeroporto na porta. Orgulho: sou amigo do Jamelão, pai do motorista do Rei do Brasil. O carro era ruim, mesmo. O do seo Zito Palhares servia de ‘viatura’ de reportagem para a equipe de esportes da Rádio Cultura cobrir jogos de Guarani e Ponte pelo interior. O médico Gustavo Murgel se lembra de ter visto um com este aviso no para-brisa: “Faz 5 km com um litro de gasolina e 2 de óleo diesel. Vende-se ou dá-se de presente.”. Ele não se esquece da piada: “O morto chegou ao Céu e São Pedro perguntou: ‘Que porta você escolhe?’. Enquanto atendia outro defunto, o primeiro olhou pelo buraco da fechadura e decidiu: ‘Quero ir para o inferno. Aí dentro, o uísque é Kings’Archer paraguaio legítimo; a mulher mais bonita é mais feia do que a Dercy Gonçalves e o carro é Simca...” Mas é o carro do Vigilante Rodoviário! “De fato, mas veja que o cachorro dele, o ‘Lobo’, não era bobo. Só ia na garupa da moto Harley Davidson.”. Dr. Murgel sempre enxerga mais longe. Pregado no poste: “Diz tanto palavrão que, em vez de guardanapo, usa papel higiênico”

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