JOGO RÁPIDO

Força, Marcão

Coluna publicada na edição de 24/2/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
24/02/2019 às 02:00.
Atualizado em 05/04/2022 às 00:38

Tenho na memória algumas imagens das primeiras vezes que fui a um estádio de futebol. São apenas alguns flashes, mas quase cinquenta anos depois ainda me acompanham porque o futebol é uma coisa especial na minha vida, assim como acontece com muitos de vocês, queridos leitores desta coluna. Também me lembro, com riqueza de detalhes de como fiquei durante muitos anos da minha infância apenas com vontade de ir ao campo. Meu pai já tinha mais idade e não podia me levar. Foram muitas tardes de domingo acompanhando os jogos pelo radinho e lendo o Correio Popular. Nem me passava pela cabeça que um dia eu estaria ‘do lado de cá da página’. Graças a dois grandes amigos, comecei a frequentar para valer os dois estádios da cidade em 1980, quando tinha de 12 para 13 anos. Ao Brinco, ia com Fernando Bento, meu colega de classe e filho de José Moreira Bento, que era médico do Guarani. Ao Majestoso, ia com Carlos Alberto Torres, meu vizinho que era um pouco mais velho. Na minha memória estão muitos desses jogos. Futebol é algo tão especial para mim que em certo momento da minha vida deixou de ser apenas um hobbie. Passou a ser também parte da minha profissão. Parte essencial. Mas o futebol nunca deixou de ser hobbie. E sempre foi mais do que isso. Além de ter sido o mais importante elo de ligação com o meu pai, também me aproximou, direta ou indiretamente, de grandes amigos. Fernando e Carlos Alberto são apenas dois nomes de uma enorme lista, que não caberia nessa coluna. O futebol tem o poder de unir as pessoas. Tudo o que escrevi até aqui foram lembranças revividas pelo drama de um querido amigo, também apaixonado por futebol. Colega de trabalho aqui na redação e ex-companheiro da equipe de esportes, ele sempre vem conversar sobre futebol, às vezes indignado, às vezes eufórico, dependendo de como foi a performance anterior do Guarani. Ele adora buscar vídeos no YouTube assim que uma contratação é anunciada. Assim como todo torcedor, tem o prazer de se irritar ou se emocionar com o time no estádio. Conversamos sobre outras coisas também. Recentemente, ele descobriu outra paixão que já cultivo há quase 15 anos: gatos. Animais de estimação, assim como o futebol, são muito importantes na minha vida. E na dele também. Meu amigo não vem trabalhar há algumas semanas. Vai batalhar agora pela recuperação de sua saúde. Em um momento como esse, quando um amigo tão próximo e saudável se vê em uma situação inesperada, é que damos valor a coisas que às vezes deixamos em segundo plano. Ir ao estádio com um amigo, brincar em casa com o gato, passear com o cachorro, abraçar e beijar familiares que tanto amamos são coisas muitos simples. E também são valiosas. Valiosas demais. Força, Marcão. Estamos aqui te esperando para trabalhar, falar de bola e trocar fotos de nossos lindos animais de estimação. São dessas pequenas coisas que nos lembramos nos momentos difíceis da vida. E tudo o que eu desejo agora é que você possa colecionar muitos desses momentos com sua mulher, com sua gatinha, com seus amigos e com o seu Guarani. Força, meu amigo.

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