Visitando alguns Estados do Nordeste , não procurei tanto a beleza dos cenários , as praias celebradas por romancistas e compositores , mas quis conhecer melhor as raízes culturais e conhecer melhor as suas crendices seus costumes e seu linguajar . Se as praias da moda atraem tantos turistas do Brasil inteiro e do estrangeiro , o interior o interior pareceu bem mais interessante ao caçador de temas de antropologia .Foi por isso que vaguei também por algumas feiras nordestinas , ouvindo, gravando , anotando, e cheguei à conclusão de que o sertanejo é, de fato um forte mas também um cantador , ou , ao menos, um ouvinte apaixonado..As andanças acenderam-me velha paixão : a literatura de cordel. Chama-se “” de cordel”” porque os folhetos são vendidos ou expostos à venda “” cavalgando”” cordéis ou barbantes . Aliás , já os tinha visto em outros lugares , inclusive em Campinas , no Mercado , em outros tempos Não sei se perduram , mas vou verificar e depois eu conto.Sei que é coisa antiga , existindo em Portugal desde o século V II , sendo mais tarde, conhecido como Literatura de Cego, devido a uma lei promulgada por D. João Quinto , em 1789 , que dava direito de venda desta literatura à Irmandade do Menino Jesus dos Homens Cegos , de Lisboa.Mas, voltemos ao Juazeiro do Norte , Ceará e à sua feira pitoresca , onde há de tudo , desde a cerâmica popular com reparo especial aos figureiros até aos produtos de um artesanato em madeira, cipó, fibras e barbante , incluindo pequenos tapetes , toalhas rendas de bilros e muito mais .Mas me alvo mesmo eram os livros de cordel . O resto ficava para outro dia. . O enredo , a criação da história, a impressão , a distribuição obedecem ainda hoje , á fórmulas bem antigas , quase inalteráveis A s estripulias dos senhores deputados e senadores e são repetidas com precisão nestes folhetos , cujos autores observam tudo em termos engraçados e interessantes .As histórias de cangaceiros e até de Lampião e de Maria Bonita aparecem ainda hoje nestes folhetos. Tenho uma destas preciosidades , que narram a “” Chegada de Lampião ao Inferno “” , escrita por José Pacheco . Lampião causou tanta confusão que lá pode ficar . E o tal folheto diz assim: “” No inferno, Lampião não pode ficar / causou tanta confusão / no céu também não chegou / por certo está no sertão ....””E que não se despreze a literatura de cordel Grandes escritores têm-se inspirado nela para compor suas obra , como o paraibano Ariano Suassuna “” No Romance da Pedra do Reino” e outras de grande aceitação no Brasil e em outros países.