Prática da cobrança irregular da Zona Azul também pega de surpresa aqueles visitantes que querem conhecer pontos turísticos da cidade
Até o momento foram revelados pelo Correio sete pontos entre Centro e região do Guanabara e 15 pessoas que "loteiam" o solo público ( Dominique Torquato/ AAN)
A prática da cobrança irregular da Zona Azul feita por flanelinhas na região central de Campinas também pega de surpresa aqueles visitantes que querem conhecer pontos turísticos da cidade. Na quarta-feira (20), foram flagrados vendedores irregulares comercializando vagas acima do valor permitido na Praça Carlos Gomes e ao redor do Mercado Municipal. Nos dois locais, a rotatividade de veículos faz com que os flanelinhas faturem até R$ 120,00 por dia.Considerando que ele faça ponto de segunda-feira a sábado, chega a ganhar por mês dois salários mínimos e meio se levado em conta o valor fixado pelo governo paulista, de R$ 905,00, e três vezes o mínimo nacional, de R$ 788,00. Até o momento foram revelados pelo Correio sete pontos entre Centro e região do Guanabara e 15 pessoas que “loteiam” o solo público.O primeiro flagrante de venda a R$ 5,00 (o preço nos pontos autorizados é de R$ 3,20) feito pela reportagem ontem foi na Rua Boaventura do Amaral, no trecho da Praça Carlos Gomes. O rapaz disse estar há muito tempo no local e afirmou que os agentes de mobilidade urbana da Empresa Municipal de Desenvolvimento (Emdec) passam somente pela manhã e fim de tarde. “Pode deixar sem o (cartão de) Zona Azul, mas deixa uma fresta do vidro para colocar o bilhete. Se eu precisar colocar, são R$ 5,00. Mas, se não colocar, me dá R$ 3,00 e está tudo certo”, disse o flanelinha.O dinheiro vai para uma pochete que ele carrega na cintura e que às 11h estava recheada de notas. A Boaventura do Amaral é a única das quatro ruas que ladeiam a praça onde é permitido estacionar no sistema rotativo. A Rua Ernesto Khulmann, ao lado do tradicional Mercadão de Campinas, é outro local onde o solo público tem “dono”, e conhecido dos motoristas. O rapaz comercializa a Zona Azul a R$ 6,00, e pede, ao invés do vidro, que o cliente deixe a porta aberta. “As pessoas nem sabem que aqui tem Zona Azul para vender, pois ele (flanelinha) já chega junto e não dá chance para nada”, disse uma comerciante da área que preferiu manter-se no anonimato. A reportagem permaneceu 20 minutos observando a ação do flanelinha, que vendeu aproximadamente sete bilhetes da Zona Azul. “Eu prefiro pagar para estacionar dentro do Mercado do que pagar para esses caras. Não confio e acho que é uma tremenda sacanagem com quem vende de maneira regularizada”, criticou o aposentado Alberto Pinzone, de 57 anos.A Polícia Civil e a Guarda Municipal (GM) detiveram anteontem quatro flanelinhas que vendiam talão de Zona Azul nas ruas Barão de Jaguará, Dr. Quirino e Thomaz Alves. Nessa última rua, depois de duas detenções, a dupla de flanelinhas não apareceu para “trabalhar” na manhã de quarta. As polícias disseram que as operações deverão continuar essa semana.VagasO sistema de estacionamento rotativo em Campinas disponibiliza 1.902 vagas aos motoristas, divididas entre as regiões central e do Guanabara. Na região central, as vagas estão distribuídas no trecho que compreende as vias Júlio de Mesquita, Dr. Moraes Salles, Irmã Serafina, Aquidabã, João Jorge, Andrade Neves, Orosimbo Maia, Anchieta e Barreto Leme.No Jardim Guanabara, a Zona Azul atinge todas as vias do quadrilátero entre a Avenida Barão de Itapura e as ruas José Paulino, Prefeito Passos e Barão de Parnaíba (sem contar esta última), a Praça Mauá e a Rua Mário Siqueira, em frente à Unimed.Apesar de cada local ter um tempo determinado de permanência, que pode ser de uma, duas ou cinco horas, o motorista paga o valor único e fixo de R$ 3,20 pelo cartão da Zona Azul. Estacionar de forma irregular, não portando o cartão de Zona Azul nas vagas regulamentadas é infração leve (três pontos na carteira), com multa no valor de R$ 53,20, ficando o veículo sujeito a guincho.