JULIANNE CERASOLI

Ficção científica

Julianne Cerasoli
07/03/2015 às 00:33.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:07

A falta de informações sempre perturbou. Ainda mais agora que temos acesso a elas quase instantaneamente e somos bombardeados por tantas coisas que muitas vezes não dá tempo de separar o que não passa de boato e o que realmente deve ser levado a sério. Nas últimas semanas, publicações — umas mais sérias, outras menos — embarcaram na tentativa de emplacar novidades sobre o acidente de Fernando Alonso.   A loucura causada pela batida e o consequente veto na participação do espanhol na abertura da temporada, dia 15, culminou — ou prefiro pensar que esse é o limite — com o tabloide inglês Daily Mirror colocando em dúvida o futuro do piloto. E publicações de todo o mundo repassam tal hipótese como fato. Acordou falando italiano, pensando que estava em 1995, etc. Até chegaram a dizer que ele havia confessado a pessoas próximas ter sentido um choque, algo bastante estranho para quem bate a cabeça e tem amnésia.   De concreto, temos dados apresentados pelo confiável Auto Motor und Sport. Alonso fazia a curva normalmente, até em velocidade mais baixa que o normal, a 215km/h, freia e gira o volante para a direita. Chega a diminuir para 135km/h e, por 3s antes de chocar-se com o muro, não faz mais qualquer tentativa de evitar a batida.   Seriam esses os dados da telemetria da McLaren, que vão ao encontro da narrativa da testemunha Sebastian Vettel, que afirmou ter visto uma batida em relativa baixa velocidade e que “não pareceu um acidente de verdade”.   Tal cenário contradiz a informação oficial da McLaren de que o piloto havia perdido o carro pelos fortes ventos que sopravam na pista naquele momento, hipótese que não convenceu ninguém dada a velocidade em que Alonso estava. Aliás, toda a ação demorada e contraditória de comunicação da equipe desde aquele 22 de fevereiro também teve seu papel ao abrir espaço para várias teorias.   Uma delas, de choque elétrico, vem perdendo mais força. A equipe e a FIA dizem não ter encontrado nada suspeito no carro. Alguém pode dizer: eles jamais divulgariam algo do tipo, mas o fato da McLaren ter continuado normalmente sua preparação indica que a equipe confia em seu sistema.   Com isso, a teoria que ganha força é de que Alonso tenha perdido a consciência antes de bater. Isso explicaria todo o cuidado com a situação – desde a internação de mais de 3 dias, até o veto da Austrália, mesmo com os médicos não encontrando qualquer problema de saúde — e o acidente estranho. Porém, isso também deve ser tratado como hipótese. E não como informação concreta.

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