JULIANNE CERASOLI

Fazendo barulho

Julianne Cerasoli
05/06/2015 às 20:49.
Atualizado em 23/04/2022 às 11:35

Muita gente no paddock da Fórmula 1 não escondeu a desconfiança quando a Toro Rosso escolheu Max Verstappen, com apenas 17 anos e um ano de experiência em carros de corrida, como piloto titular para a temporada de 2015. Não que se questionasse o talento do holandês. Mas, sim, sua maturidade. Não demorou para, logo na primeira vez que o piloto ‘colocou suas asinhas de fora’, os ataques virem de todos os lados. Verstappen vem chamando a atenção desde sua primeira corrida pela agressividade com que luta por posições e já fez ultrapassagens dignas de um grande piloto. Mas — como costuma acontecer às vezes com pilotos que andam no limite — no GP de Mônaco, passou do ponto. E não voltou atrás. A postura arrogante do holandês não caiu bem entre seus pares. Todos deixaram claro que entendem o erro em si, mas não engoliram sua postura. Em Mônaco, Verstappen não julgou bem a diferença de capacidade de freada que seu carro tinha em relação à Lotus de Romain Grosjean, que tinha pneus bem mais desgastados, e bateu na traseira do francês. Ao sair do carro, acusou o francês de ter freado mais cedo de propósito para provocar a batida. E, mesmo após os comissários estudarem as telemetrias de ambos os casos e puni-lo, manteve sua postura. O prório Grosjean foi o primeiro a admitir que também já fez muita besteira na Fórmula 1 — que o digam Alonso, Hamilton e Perez, pegos em meio ao strike que foi causado pelo francês no GP da Bélgica de 2012 — e que hoje se sente um piloto melhor. Em parte, porque aprendeu com seus erros. Difícil é encontrar algum piloto que não tenha dado suas escorregadas na Fórmula 1 — e isso se estende a profissionais de qualquer área. E também é fato que, entre as qualidades que se busca em um piloto campeão do mundo, a de relações públicas não costuma ser das mais essenciais. Porém, a postura de Verstappen e a reação — até certo ponto incomum, devido à intensidade — de seus pares pode fazer com que o jovem e veloz holandês acabe ficando marcado pelos comissários, como ocorreu em determinados momentos com Lewis Hamilton e com Pastor Maldonado. Para a Fórmula 1 em si, não é nada mal uma figura com uma postura “eu vou para cima mesmo e esse é meu jeito”. Afinal, o excesso de diplomacia é uma das queixas dos fãs. Mas isso também pode ser um perigo para o holandês. Afinal, Max tem de quem herdar o estilo “tudo ou nada”: seu pai, Jos, sempre teve a carreira marcada pela grande capacidade técnica e os parafusos a menos. Não coincidentemente, chegou à Fórmula 1 como uma grande promessa e saiu pelas portas dos fundos. E seria um desperdício ver essa história se repetir.

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