REINTEGRAÇÃO DE POSSE

Famílias são retiradas pela GM de área invadida em Piracicaba

Mães chorando, grávidas desoladas e famílias desesperadas, na tentativa de salvar seus pertences. Estas foram cenas comuns durante desocupação do Park Monte Rey 2

Juliana Franco
25/05/2015 às 18:27.
Atualizado em 23/04/2022 às 12:38
Guardas municipais retiram os barracos da área, sob o protesto das famílias. Bianca Bernardino da Silva, de 17 anos, observa seu barraco ser derrubado (Cristiano Diehi Neto)

Guardas municipais retiram os barracos da área, sob o protesto das famílias. Bianca Bernardino da Silva, de 17 anos, observa seu barraco ser derrubado (Cristiano Diehi Neto)

Mães chorando, grávidas desoladas e famílias desesperadas, na tentativa de salvar seus pertences. Estas foram algumas das cenas observadas, na manhã desta segunda-feira, 25, durante desocupação de uma área verde no Park Monte Rey 2, em Piracicaba. Uma operação da prefeitura com a Guarda Municipal e a Defesa Civil derrubou 15 barracos.As famílias ocuparam o local, na noite da última sexta-feira, 22. Segundo moradores, há mais de um ano, eles vivem nos prédios do Residencial Piracicaba II – o empreendimento que faz parte do programa Minha Casa, Minha Vida e também foi invadido. Segundo último levantamento, haviam 29 famílias no local.“Saímos de lá porque eles deram um prazo para a retirada. Não temos para onde ir, por isto, resolvemos montar os barracos nesta área que é da prefeitura, mas está abandonada”, conta Joice Carolina do Santos, de 19 anos, que morava no terreno com a filha de 3 anos.Mãe de um bebê de dois meses, Edjane Ignácio da Silva, de 20 anos, cuida sozinha do filho, já que o pai da criança está preso. Ela afirma não saber o que fazer diante à situação. “Eles nem ao menos nos ofereceram um abrigo. Simplesmente chegaram no local e disseram que iam derrubar tudo. Estão levando nossos móveis e nem ao menos sei para onde”, afirma.A filha de um ano e três meses de Bianca Bernardino da Silva, de 17 anos, foi levada as pressas para a casa da sogra. Segurando o cachorro, ela chorava desolada enquanto observava o barraco sendo derrubado. “Não estou aqui porque quero. Meu marido é ajudante de pedreiro e está desempregado. Não posso contar com minha família. Minha mãe disse que eu posso viver na casa dela, com a minha filha, mas sem o meu marido. Só que ela mora em dois cômodos com o meu padrasto, a minha irmãzinha de um ano e a minha irmã de 14 anos, que está grávida e não sabe quem é o pai”, diz. “Não posso abandonar o meu marido e ela também não tem condições de sustentar mais duas pessoas. Não sei o que vou fazer”, acrescenta. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Piracicaba, Carlos Alberto Razano, a reintegração ocorreu após denúncia anônima. “Eles saíram do Residencial Piracicaba 2, na Vila Sônia, para a área verde no bairro Monte Rey. Existe projeto para a construção de uma área de lazer no local”, revela.Caminhões da prefeitura recolheram móveis e os materiais utilizados pelas famílias para montarem os barracos. Apesar de Razano ter garantido que os móveis não estavam sendo recolhidos, a Gazeta de Piracicaba registrou o momento que os funcionários colocam pertences como camas em cima dos caminhões. “Todo material recolhido será levado para um depósito da prefeitura. Eles ficam no espaço por 30 dias e a retirada deve ser feita mediante apresentação de nota fiscal dos produtos”, explica o coordenador.Quando questionado como estas famílias poderiam ter nota fiscal dos produtos – já que muitos objetos são doados – ele disse que não há outra forma de comprovar que são proprietários dos pertences. OUTRO LADOO Centro de Comunicação Social da Prefeitura informou que todo material encontrado em área pública é considerado abandonado e pode ser recolhido pela administração municipal. Atitude que pode ser tomada, segundo a pasta, na presença do proprietário, como ocorrido na manhã desta segunda. “A pessoa precisa provar que os produtos pertencem a ela, senão são considerados abandonados, já que foram encontrados em uma área pública”, afirma o diretor de comunicação da prefeitura, Carlos Eduardo Luccas Castro.Ainda segundo Castro, por ser um espaço da administração municipal, não foi necessário Ordem Judicial para a reintegração do terreno.Por meio de nota, a prefeitura informou que “a ação realizada no Park Monte Rey, dá sequência à operação de preservação de áreas verdes iniciada em abril no bairro Santo Antonio e que tem o objetivo de cumprir a obrigação do município de preservar áreas verdes e APPs. A operação visa também impedir que novas invasões ocorram, por isso o terreno está sendo preparado para o plantio de mudas de árvores de diversas espécies, entre elas: paineira, oiti, canelinha, bico de pato, aldrago, sabão de soldado, quereutéria. Além da área destinada ao plantio, o município tem intenção de fazer uma área de lazer, que será projetada pela Sedema (Secretaria de Defesa do Meio Ambiente)”.

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