CAMPINAS

Famílias resistem à reintegração de posse

Moradores fizeram barreira para impedir que trator da Prefeitura destruísse os barracos

Cecília Polycarpo
25/07/2013 às 20:39.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:34
Organizadores da invasão afirmam que o objetivo da resistência é conseguir um terreno da Prefeitura  ( Carlos Sousa Ramos/AAN)

Organizadores da invasão afirmam que o objetivo da resistência é conseguir um terreno da Prefeitura ( Carlos Sousa Ramos/AAN)

Cerca de cem famílias resistiram à reintegração de posse de um terreno particular no Jardim do Lago 2, em Campinas, na manhã desta quinta-feira (25). Os moradores fizeram uma barreira para impedir que o trator da Prefeitura destruísse os 80 barracos. Eles alegaram que a Administração não tinha liminar judicial para realizar a operação. Quinta-feira (25) foi a segunda vez que agentes da Companhia de Habitação Popular (Cohab) tentam desocupar a área. No último dia 16, as casas de madeira foram desmontadas, mas os sem-teto voltaram a ocupar o terreno durante a madrugada no dia 17. Apesar de 30 guardas municipais terem acompanhado a ação, não houve confronto. Porém, alguns invasores disseram que foram ameaçados com bombas e spray de pimenta. À tarde, lideranças do grupo se reuniram com representantes da Cohab e ficou decidido que as famílias terão prazo de uma semana para saírem do terreno, depois de serem notificadas judicialmente. A Administração alegou que não tinha a liminar para a reintegração porque achou que o terreno já estava vazio. Os organizadores da invasão, que não são ligados a movimentos sociais, afirmam que o objetivo da resistência é conseguir um terreno da Prefeitura ou uma casa através do programa federal Minha Casa, Minha Vida. Outra justificativa para a ocupação seria o abandono do bairro. O terreno invadido, segundo eles, não passava por limpeza há anos e acumulava lixo e bichos peçonhentos. Além disso, a dívida com IPTU e outras taxas públicas no local somam quase R$ 150 mil, o que pode atrasar uma possível regularização da área. Nos próximos dias, lideranças da invasão e Cohab tentarão localizar os donos dos lotes para propor a aquisição das propriedades através de um convênio, segundo a Prefeitura. A área foi dividida pelo grupo em 80 lotes de 84 metros quadrados cada um. O local é úmido e os barracos de madeira não têm resistência ao vento e às baixas temperaturas. Moradores afirmaram que o frio nesta semana está insuportável e que muitas crianças estão doentes. Além disso, eles fizeram um poço improvisado, que recolhe água da chuva para eles beberem e fazerem comida. "Em todo esse tempo que estamos aqui, nenhum agente da Cohab veio oferecer roupas quentes, cobertores e mantimentos. Eles sabem das condições precária em que vivemos", disse um dos líderes da comunidade, Rômulo Sousa, de 35 anos. Ainda segundo Sousa, a Companhia informou que agentes iriam até o local fazer o cadastro das famílias para entrarem na fila de casas populares, o que não ocorreu. A desempregada Erika Cristina Pereira Silva, de 21 anos, afirmou que antes morava na casa dos sogros. "Mas a casa tinha mais de 15 pessoas. Queria um canto meu. Esse terreno não é usado para nada. Nem os donos têm interesse", disse. Ainda segundo Erika, crianças e adolescentes da ocupação estão passando muito frio e fome. "Não temos blusas e cobertores. O terreno é muito úmido. Dividimos o pouco que temos, mas não é suficiente para todo mundo. Por nota, a Prefeitura disse que as lideranças da ocupação se responsabilizaram pela organização do cadastro das famílias. Os dados serão organizados e entregues à Coordenadoria de Habitação Popular (Cehap), vinculada à Secretaria de Habitação, que vai cruzar as informações com o Cadastro de Interessados em Moradia, administrado pela Cohab. "O objetivo é verificar, entre os ocupantes, quem já é cadastrado e cadastrar as famílias que ainda não procuraram a Cohab" , diz o texto.

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