Grupo fez barreira e impediu ação da Prefeitura no Jd. do Lago 2; casas de madeira foram desmontadas
Moradores se unem para evitar a destruição de 80 barracos ( Carlos Sousa Ramos/AAN)
Cerca de 100 famílias resistiram à reintegração de posse de um terreno particular no Jardim do Lago 2, em Campinas, na manhã de quinta (25). Os moradores fizeram uma barreira para impedir que o trator da Prefeitura destruísse os 80 barracos. Eles alegaram que a Administração não tinha liminar judicial para realizar a operação. A Prefeitura informou que não tinha a liminar para a reintegração porque achou que o terreno já estava vazio. Na quinta-feira (25) foi a segunda vez que agentes da Companhia de Habitação Popular (Cohab) tentaram desocupar a área. No último dia 16, as casas de madeira foram desmontadas, mas os sem-teto voltaram a ocupar o terreno durante a madrugada do dia 17. Apesar de 30 guardas municipais terem acompanhado a ação, não houve confronto. Porém, alguns invasores disseram que foram ameaçados com bombas e spray de pimenta. À tarde, lideranças do grupo se reuniram com representantes da Cohab e ficou decidido que as famílias terão prazo de uma semana para sair do terreno, depois de serem notificadas judicialmente.Os organizadores da invasão, que não são ligados a movimentos sociais, afirmaram que o objetivo da resistência é conseguir um terreno da Prefeitura ou uma casa por meio do programa federal Minha Casa, Minha Vida. A justificativa para a ocupação seria o abandono do bairro. Por nota, a Prefeitura afirmou que as lideranças da ocupação se responsabilizaram pela organização do cadastro das famílias. Os dados serão organizados e entregues à Coordenadoria de Habitação Popular (Cehap), vinculada à Secretaria de Habitação, que vai cruzar as informações com o Cadastro de Interessados em Moradia, administrado pela Cohab. “O objetivo é verificar, entre os ocupantes, quem já é cadastrado e cadastrar as famílias que ainda não procuraram a Cohab”, diz o texto. Nos próximos dias, lideranças da invasão e Cohab tentarão localizar os donos dos lotes para propor a aquisição das propriedades através de um convênio, segundo a Prefeitura.O terreno invadido, segundo os invasores, não passava por limpeza há anos e acumulava lixo e bichos peçonhentos. Além disso, a dívida com IPTU e outras taxas públicas no local somam quase R$ 150 mil, o que pode atrasar uma possível regularização da área. A área foi dividida pelo grupo em 80 lotes de 84 metros quadrados cada um. O local é úmido e os barracos de madeira não têm resistência ao vento e às baixas temperaturas. Moradores afirmaram que o frio nesta semana está insuportável e que muitas crianças estão doentes. Além disso, eles fizeram um poço improvisado, que recolhe água da chuva para eles beberem e fazerem comida. A desempregada Erika Cristina Pereira Silva, de 21 anos, afirmou que antes morava na casa dos sogros. “Mas a casa tinha mais de 15 pessoas. Queria um canto meu. Esse terreno não é usado para nada. Nem os donos têm interesse.”