Falta de identidade

Que tristeza é o futebol brasileiro. Essa onda de lançamentos do terceiro uniforme, que tomou conta do Brasil, tira a identidade dos clubes. Hoje a gente liga a TV e não sabe qual time está jogando. Pior ainda é ver os gols da rodada, que passam rapidinho. Se o telespectador não estiver atento, verá gol do Corinthians pensando que é do Cruzeiro. Ou do Vitória achando que é do Santos. Ou do Fluminense e lembrar do Volta Redonda. Ou do Coritiba e imaginar que o time foi atacado por abelhas, só para citar alguns.Os departamentos de marketing até tentam explorar algum fato histórico para dar suporte ao estilo que foge das cores tradicionais dos clubes, mas a verdade é que o terceiro uniforme é uma forma de fazer o torcedor comprar mais camisas dos times e gerar renda.Na Europa, a terceira camisa tem mais a ver com as cores do patrocinador do que com o próprio time, mas isso não é esquecido ou omitido na hora das vendas. Aqui, como tudo se copia, mas ninguém admite, marqueteiros quebram a cabeça para fazer parecer que é uma novidade.Mas como cobrar identidade de clubes e cartolas se o único fator que realmente importa é o dinheiro do negócio? Aliás, como cobrar deles o respeito aos valores da entidade — ou cores — se não temos um exemplo de dignidade para seguir?Na quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu punir Corinthians e Vasco pela briga dos torcedores no estádio Mané Garrincha, em agosto. Tirou quatro mandos de campo de cada um, mas permitiu que as equipes joguem com o apoio de suas torcidas nessas partidas. Como sugestão, eles poderiam voltar a Brasília para cumprir a pena. De preferência, com ingressos grátis às organizadas. Para que os brigões continuem frequentando os estádios brasileiros, mesmo sendo identificados pelas câmeras de TV.A sensação de impunidade também tem o seu exemplo a seguir. Enquanto um ladrão de galinhas que rouba para comer é preso sem direito a fiança, uma porção de gente que tem poder e rouba a nação consegue ficar livre para zombar da nossa cara. A história do Brasil se repete a cada dia e dá a impressão de que não vai mudar tão cedo.Enquanto as pessoas continuarem tomando decisões baseadas em suas questões individuais, nunca poderemos viver como uma sociedade em que todos se respeitam. Desde uma simples manobra no trânsito até a punição de criminosos. Ou mesmo a cor de uma camisa e os valores que ela carrega.