EUA X EUROPA

Faça as contas e saiba em qual destino o real, apesar da desvalorização, tem maior fôlego

Para ajudar na decisão, escolhemos quatro grandes cidades americanas e as comparamos com quatro "equivalentes" na Europa

Eduardo Gregori e agências
22/03/2015 às 01:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:36
Durval Ribeiro Júnior (Arquivo pessoal)

Durval Ribeiro Júnior (Arquivo pessoal)

A pergunta do título tem resposta objetiva: o dólar anda na casa dos R$ 3,23, enquanto o euro vale, aproximadamente R$ 3,40. No entanto, com as duas moedas em cotações tão próximas nas duas últimas semanas, considerar os custos turísticos do destino de viagem ajuda a planejar as férias e escolher o lugar que cabe no orçamento. Em outras palavras, a pergunta é: Estados Unidos ou Europa? Para ajudar na decisão, escolhemos quatro grandes cidades americanas e as comparamos com quatro “equivalentes” na Europa. Sem considerar as enormes diferenças arquitetônicas, históricas, culturais e de estilo de vida, se o turista está em busca de um lugar moderno e descolado, deve pensar em Chicago ou Berlim. Metrópole que seja um sonho de consumo turístico, vale olhar para Nova York ou Paris. E por aí vai. Abaixo mostramos quanto se gasta por dia em cada uma com transporte, alimentação, lazer e hospedagem (um hotel econômico e um intermediário). As conversões para real foram feitas com os valores de 16 deste mês.   Europa em altaA venda de pacotes e passagens aéreas para países da Europa continua no mesmo patamar de antes da alta do dólar, e a tendência é de crescimento. De acordo com Durval Ribeiro, consultor de turismo da agência Tati Macedo, como a cotação do euro não tem sofrido grandes variações, quem pretende viajar ao Velho Continente já planeja os gastos levando em conta o câmbio a pouco mais de R$ 3,00. Durval aponta que a equivalência entre dólar e euro deve impulsionar viagens para a Europa, uma vez que o turismo para os Estados Unidos é, em sua maioria, voltado para compras, enquanto para a Europa, tem caráter mais histórico e cultural. “Comprar nos Estados Unidos sempre foi um dos principais atrativos de viajar ao país norte-americano. Agora, com a moeda em forte alta, comprar em dólar não é mais tão interessante”, avalia o especialista.   Foto: Arquivo pessoal Durval Ribeiro Júnior Enquanto a Europa continua vendendo bem no Brasil e o euro adormecido — fruto da crise econômica na zona do euro —, a venda de novos pacotes para os Estados Unidos vem diminuindo. “As pessoas estão em compasso de espera. Estão esperando para ter uma melhor visão do que irá acontecer com a economia americana, e qual reflexo terá no Brasil”, explica Ribeiro. O especialista afirma que quem já adquiriu pacote antes da alta, agora está em uma fase de compra de serviços, como aluguel de carro e seguro-viagem. Para Ribeiro, cancelamentos são raros, e por motivos que vão desde o alto valor da multa da quebra contratual, até pela uma mudança do foco da viagem. “Quem está para viajar, acabou repensando o passeio, mesmo porque está gastando mais real para comprar dólar. Então, é o momento de rever compras e gastos no Exterior. Uma viagem aos Estados Unidos pode ser tão interessante culturalmente quanto para a Europa”, opina o especialista. Se de um lado os pacotes vêm sofrendo reajustes a cada sobressalto da moeda norte-americana, do outro, o preço das passagens aéreas para o Exterior tem se mantido. “O pior pesadelo para uma companhia aérea é voar sem passageiro. Por isso, acredito que as companhias estejam se esforçando para não reajustar preços e creio que, até que o mercado saia dessa fase de instabilidade, elas consigam segurar os preços”, afirma o especialista.   EUROPAAmsterdã: sobre duas rodas, por canais e pontesDormir: o novinho CitizenM custa desde 89 euros a noite (citizenm.com); o chique Okura (okura.nl) começa em 250 euros.Comer: entrada, prato principal e sobremesa na Brasserie Harkema (brasserieharkema.nl), 35 euros por pessoa.Circular: passagem individual custa 2,80 euros; o cartão de 24 horas, 49 euros.Passear: não há sistema público de aluguel de bicicletas. Na Mac Bike (macbike.nl), 7,50 euros por até 3 horas ou 9,75 euros por um dia.Total: 134,30 euros a 343,75 euros (R$ 459,30 a R$ 1.175,62) Paris: charme inigualávelDormir: quarto duplo no Generator Hostel (generatorhostels.com), 57,60 euros. Hotel de Nell (hoteldenell.com), 254 euros.Comer: no novo e criativo Le Servan (leservan.com), jantar para dois, 90 euros.Circular: passagem desde 1,80 euros; 10 bilhetes custam 14,10 euros.Passear: Museu do Louvre (louvre.fr) tem ingresso a 15 euros. Torre Eiffel ( toureiffel.paris): 9 euros.Total: 158,40 euros até 373 euros (R$ 541,73 a R$ 1.276). Berlim: salsichas e um antigo aeroportoDormir: o descolado Motel One (motel-one.com), 72,45 euros. No Rio Spree, o flutuante Modern House Boat (modernhouseboat.com), 250 euros.Comer: curry würst, salsicha temperada com molho de curry e cebolas, custa6 euros no famoso Curry 36 (curry36.de).Circular: metrô ou ônibus a 2,70 euros. O cartão ilimitado por dois dias sai por 21,50 euros.Passear: ex-aeroporto, hoje parque, o Tempelhof é gratuito. Baladas: Berghain.de a 8 euros, Sisyphos-berlin.net a 10 euros.Total: 89,15 euros até 287,50 euros (R$ 304,89 a R$ 983,20).Barcelona: nos passos do arquiteto GaudíDormir: no correto Room Mate Emma (emma.room-matehotels.com), 77,90 euros. O pomposo Hotel Claris (desde 198 euros (hotelclaris.com).Comer: tapas com uma caña no Cal Pep (calpep.com), por cerca de 12 euros.Circular: metrô, ônibus e trams por uma hora, 2,15 euros. Dez viagens, 9,95 euros.Passear: a arquitetura de Antoni Gaudí é ícone. Na Ruta Gaudi, Sagrada Família, Casa Batló e La Pedrera (barcelonaturisme.com) por 40 eurosTotal: 132,05 euros a 259,95 euros (R$ 451,61 a R$ 889).   EUA São Francisco: entre casas vitorianas e a Golden GateDormir: o econômico San Remo (sanremohotel.com), US$ 100; o elegante Stanford Court. (stanfordcourt.com), US$ 248.Comer: San Francisco Dungeness Crab, grande e carnudo caranguejo, custa US$ 38,96 no Franciscan (franciscanrestaurant com).Circular: tarifa básica de ônibus e bondes a US$ 2,25. Passe diário ilimitado: US$ 17 em sfmta.com.Passear: aluguel de bike, US$ 7 a hora e US$ 30 por dia (bikerentalsanfrancisco.com).Total: US$ 148,21 a US$ 333,96 (R$ 478,70 a R$ 1.079).Miami: praia e muito agitoDormir: Stiles Miami (thestileshotel.com), US$ 110. Hotel Beaux Arts (hotelbeauxartsmiami.com), US$ 462.Comer: Oak Tavern (oaktavernmiami.com), peixe com alho-poró (US$ 25).Circular: desde US$ 2,25 por viagem; cartão de um dia por US$ 5,65.Passear: Perez Art Museum (pamm.org), US$ 16.Museu Vizcaya (vizcaya.org), US$ 18Total: US$ 153,25 a US$ 510,65 (R$ 495 a R$ 1.650) 4 Chicago: parque de dia, Jazz à noiteDormir: Acme Hotel (acmehotelcompany.com) a US$ 83. O chique Thompson Chicago (thompsonhotels.com), US$ 279Comer: típica pizza deep dish, US$ 4,99 na Pequod’s Pizza (pequodspizza.com)Circular: ônibus a US$ 2. Trem e metrô, US$ 2,25. Um dia ilimitado a US$ 10.Passear: Millenium Park, grátis. Jazz Green Mill (greenmilljazz.com), US$ 5Total: US$ 94,99 a US$ 299 (R$ 306,81 a R$ 966). Nova York: conexão ManhattanDormir: o razoável Union Hotel (unionhotelbrooklyn.com) custa US$ 80. O sofisticado W (wnewyorktimessquare.com), US$ 239.Comer: cachorros-quentes na Shake Shack (shakeshack.com), US$ 3.Circular: tarifa básica de ônibus ou metrô, US$ 2,50. Ilimitado, 7 dias, US$ 30.Passear: Metropolitan Museum (metmuseum.org), US$ 25. Empire State, US$ 32 (esbnyc.com/pt).Total: US$ 110,50 a US$ 304 (R$ 356,91 a R$ 982).   Brasileiros mantêm procura por vistos para os EUAA embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, disse na semana passada que, até o momento, a demanda de vistos de turismo por brasileiros para seu país não foi afetada pela alta do dólar. Em visita ao Rio de Janeiro, a embaixadora destacou o fato de esta época não ser de alta temporada para o turismo em seu país. “Geralmente, esse não é um momento de alta demanda. Mas eu estive na Califórnia, na semana passada, e me reuni com algumas empresas aéreas. Eles falavam que o número de brasileiros viajando para o estado da Califórnia tem aumentado e que estão pensando até em abrir uma linha direta de São Paulo a São Francisco. Mas temos que monitorar para ver como o impacto da economia afeta a decisão dos brasileiros em viajar”, disse a diplomata.   Foto: Divulgação A embaixadora dos Eua no Brasil, Liliana Ayalde A expectativa de Liliana Ayalde é a de que a desvalorização do real em relação ao dólar seja “algo passageiro”. “Esperamos que o ajuste econômico funcione de tal maneira que as pessoas possam continuar visitando, estudando ou fazendo negócios nos Estados Unidos, que era algo que vinha crescendo bastante. Esperamos poder contar com isso”, afirmou. A embaixadora disse ainda que, em média, são feitos 1,2 milhão de pedidos de vistos por brasileiros ao ano. A média de aprovação dos pedidos pelos consulados americanos chega a 96%.Ela acrescentou que a inclusão do Brasil no programa de isenção de vistos para os Estados Unidos ainda está em avaliação. A embaixadora disse que o avanço das discussões depende de um posicionamento do governo brasileiro. “Para ter essa isenção, tem que ter sistemas e requerimentos da lei. Precisamos trabalhar juntos. É uma possibilidade, mas vai depender muito das autoridades brasileiras pedirem ao nosso governo. Estamos esperando um pouco agora que estamos formulando a agenda de trabalho para ver se isso forma parte dessas prioridades brasileiras”, disse.

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