Les Gourmands Club propõe aos associados "viagens" por regiões e países ao enviar para a casa deles kit com ingredientes, receituário, vinhos e indicação de playlist, tudo para curtir o momento
Iniciativas para democratizar a gastronomia têm se avolumado nos últimos anos à medida do interesse de gourmets e gourmands. Há os chefs em casa, os mercados gastronômicos, eventos pop-up e afins, além de menus completos a serem encomendados e entregues em domicílio. As novidades mais recentes são os clubes enogastronômicos. No Brasil, o Les Gourmands Club é apontado como pioneiro no ramo. Engendrado em São Paulo por duas administradoras de empresa e dois cozinheiros – Fernanda Xavier e Patrícia Sodré (administradoras); Paola Tedeschi e Marco Paulo Peluso (ela sommelière e cozinheira; ele, chef) –, virou negócio há um ano, já cativou associados em outras cidades e, em breve, segundo os idealizadores, deve haver expansão no Interior paulista, destacadamente em Campinas.O conceito é o seguinte: ao associar-se, o gourmand passa a receber em casa, mensalmente, kits temáticos de experiência. Até aqui, foram 12 menus idealizados e mais de 200 assinaturas. Além dos ingredientes porcionados e frescos, a “cesta” inclui petisco (para ser consumido durante o preparo dos pratos), receituário (o passo a passo detalhado pode ser conferido no site), explicações sobre a região ou o tema da vez, vinhos regionais (uma ou duas garrafas, dependendo do plano contratado), indicação de playlist e um mimo surpresa. “A lógica para o Les Gourmands Club é a mesma da que respeitaríamos se pensássemos em receber amigos em casa e sob a ótica do conceito do slow food. Qualquer pessoa, ainda que não tenha intimidade com a cozinha, consegue executar as receitas e viver a experiência de preparar um menu completo sem se preocupar com outra coisa que não curtir o momento”, pontua Patrícia.Durante a elaboração dos cardápios, os chefs Paola e Marco consideram o fato de que, se houver um prato complexo de ser executado, os demais serão rápidos, intuitivos por assim dizer. “As sobremesas, geralmente, são mais ‘pá-pum’. O tempo de preparo estimado é de cerca de uma hora e meia e todo o ritual leva quatro horas. O objetivo é que o anfitrião cozinhe em conjunto com seus convidados e que todos aprendam algo diferente”, acrescenta.O conceito é simples, mas a logística, bem complexa. Além de atender à cidade de São Paulo e entorno, o clube tem associados nas capitais fluminense e paranaense e começa a servir municípios do Interior paulista. “A experiência sai de nossa cozinha num dia e chega na casa do cliente no outro. Tudo é acondicionado da maneira mais adequada possível. Para isso, contamos com uma rede de fornecedores paulistanos bastante criteriosa e de qualidade inquestionável. As proteínas, por exemplo, são selecionadas de acordo com o corte exato que será explorado na receita. Como os temas variam trimestralmente, os menus têm de ser fiéis ao que propusemos. Se vamos destacar a região da Alsácia, buscamos um vinho daquela região, importado, e ingredientes idem”, ilustra. Tour pelo mundoQuem se associa ao clube é convidado a percorrer o mundo levado pela mão do quarteto idealizador. Ao longo das 12 edições, região ibérica, Itália, África do Sul, Nova Zelândia, Estados Unidos e França foram “visitados” por quem comprou a ideia. “No próximo trimestre, abordaremos a Europa Oriental, depois daremos foco ao Brasil e assim por diante. É Paola quem propõe os pratos regionais. A receita e o método de execução são criados por Marco, testados e fotografados. E aí tenho de dizer que os menus fogem ao óbvio. Sempre criamos um fator surpresa para o comensal”, observa Patrícia.Exemplos? No tour pela África do Sul, Avocado Ritz para a entrada harmonizado com Robertson Winery Chenin Blanc 2012. Principal? Bobotie & Yellow Rice com Raka Pinotage 2010. E Amarula Chocolate Tart de sobremesa. Já o passeio-desafio por Bordeaux elencou estes sabores: Gratin de Langoustines com Château Reynon Sauvignon Blanc 2011, Pintade au Cidre com Château Beauregard-Ducourt 2009 e Poires Pochées au Vin Rouge. “O que propomos não é a substituição de uma receita congelada por um menu elaborado, gourmet simplesmente, mas uma verdadeira experiência dos sentidos com pitadas culturais e históricas.” Os donos da ideiaPatrícia se formou em administração e trabalhou anos a fio como executiva no mercado de cartões de crédito, até se cansar da rotina. Fernanda, também administradora de empresas, atuou sobretudo com gestão de clientes e sempre recebeu amigos com serviço à francesa e bons vinhos. Foi dela a iniciativa de transformar a confraria pessoal em negócio. “Nós nos encontrávamos na casa da dona Paola e varávamos horas em torno da mesa, preparando refeições em conjunto. Um dia, Paola e Fernanda pensaram em tornar a ideia um negócio inovador e, assim, surgiu o Les Gourmands Club”, ratifica Patrícia.Romana de nascimento, mas radicada em São Paulo, Paola organiza cursos de gastronomia e vinhos, representa o Italian Culinary Institute for Foreigners (Icif), é membro da Federazione Italiana Cuochi (FIC) e da Academia Brasileira de Gastronomia. Já traduziu vários livros de enologia e, atualmente, realiza workshops e responde pelo conceito criativo das experiências Les Gourmands Club. O mineiro Marco Paulo Peluso entrou nessa empreitada como chef executivo. Já comandou o pastifício In Città, na Capital. Hoje, além de elaborar os menus do clube, definir as porções e os ingredientes corretamente, está à frente da Tre Colori Gastronomia e da Sugo, empresas-irmãs de catering e produções gastronômicas personalizadas. Para saber mais: www.lesgourmandsclub.com