Ex-prefeito e vereador quase vão às vias de fato

O ex-prefeito Vitor Lippi (PSDB) e o presidente da CPI que apura as razões para existirem obras atrasadas em Sorocaba, Caldini Crespo (DEM), quase se agrediram fisicamente no depoimento desta terça-feira (21).

Os dois passaram o tempo todo da oitiva se insultando, já que são inimigos políticos hoje. O desentendimento vem desde a reeleição do ex-prefeito em 2008, quando o vereador passou afirmar que Lippi não cumpriu acordos com ele.

Em um dado momento, ao ter a sua honra como dirigente público questionada, Lippi se levantou em direção ao vereador, que estava ao seu lado, mas outros vereadores também se levantaram e evitaram a sequência.

O vereador preparou mais 120 perguntas para fazer ao ex-prefeito e dizia sempre que ia colocar como resposta que Lippi não sabia toda vez que o ex-prefeito não respondia de pronto ou que questionava o teor da pergunta.

Outro ponto alto da discussão foi quando o ex-prefeito disse que o vereador era induzido a usar a CPI politicamente em nome do prefeito que o antecedeu e que também se tornou seu inimigo político depois de romperem em 2008.

Crespo disse que a ilação era uma forma de atacá-lo gratuitamente, mas que ela não surtiria efeitos porque todos sabem que ele e o ex-prefeito apontado são de partidos diferentes e que mantêm apenas uma relação cordial.

Lippi refutou a afirmação, insistiu na colocação e disse que a perseguição imposta pelo vereador a ele é de tal forma inconveniente que membros da família do parlamentar pediram desculpas a ele, Lippi, em nome de Crespo.

Em outro momento, quando Lippi levantou a voz e não deixou que o vereador o interrompesse de imediato, Crespo cortou o microfone do ex-prefeito e disse: “Aqui eu faço as perguntas e o senhor responde. Mim Tarzan, você Jane”.

Sessão longa

Vitor Lippi foi o único depoente do dia, mas a sessão de perguntas foi das 14h até às 18h20. Mesmo assim, Crespo disse que iria encaminhar o restante das perguntas por escrito para o ex-prefeito e que não o convocaria outra vez.

Foi a segunda vez que o ex-prefeito esteve na Câmara para responder sobre o andamento das obras da sua gestão. Na primeira, uma semana antes, ele foi tratado por todos os vereadores com muita cortesia, inclusive por Crespo.

Quando deixou o plenário, o ex-prefeito disse que o saldo do dia foi uma decepção com o vereador e com a CPI por permitir a situação. Crespo afirmou que saía decepcionado porque o ex-prefeito não respondeu o que tinha de falar.

Além de Crespo, participam da CPI os vereadores Marinho Marte (sem partido), Francisco França (PT), Carlos Leite (PT), Izídio de Brito (PT), Jessé Loures (PV) e Irineu Toledo (PRB). Marinho é o relator da comissão.

Estavam presentes para acompanhar o depoimento do ex-prefeito nesta terça-feira o líder do governo, Paulo Mendes (PSDB); o vice-líder Waldomiro de Freitas (PSD), e o vereador Luis Santos (sem partido).

Antes de Lippi, 26 pessoas foram ouvidas pelos vereadores da comissão, entre empreiteiras, secretários e funcionários da Prefeitura. A CPI apura as razões para que mais de 14 obras de grande porte estejam atrasadas.