CARAS CONHECIDAS

Ex-meninos da Vila fazem uma visita ao passado

Alemão e Carleto começaram juntos no Santos e, hoje, na Ponte, lembram das dificuldades de início de carreira

Pedro Lopes/Especial para AAN
faleconosco@rac.com.br
25/03/2014 às 21:30.
Atualizado em 27/04/2022 às 00:27

A partida entre Santos e Ponte Preta, nesta quarta-feira (26), às 19h30, na Vila Belmiro, pelas quartas de final do Campeonato Paulista, terá um sabor especial para dois jogadores da equipe campineira: o lateral-esquerdo Carleto e o atacante Alemão. Revelados pelo Peixe, ambos começaram a ganhar notoriedade na Copa São Paulo de 2008, torneio no qual atuaram ao lado de Neymar, Paulo Henrique Ganso, Tiago Luís e Vladimir — atual reserva do goleiro Aranha no time de Oswaldo de Oliveira.Promovidos por Emerson Leão à equipe profissional com status de promessa após o fim da Copinha, os jovens não tiveram vida longa como titulares. Desavenças com o treinador e a polêmica envolvendo um contrato de gaveta, prática comum no Santos à época, levaram Alemão à Udinese, da Itália. “Em uma viagem à Colômbia (em Cúcuta, no ano de 2008), o Leão pegou o Tiago Luís mergulhando na piscina e ficou bravo. Ele era uma pessoa rígida, mas não acho que impediu meu crescimento no clube”, aponta.Carleto, que chegou ao time principal recebendo R$ 1.200 por mês, exigiu uma valorização da diretoria alvinegra para que seu contrato fosse renovado. A proposta santista não agradou o lateral-esquerdo, que, seduzido por um convite dos dirigentes do Valencia, embarcou para a Espanha.O final de trajetória conturbado na Vila Belmiro, entretanto, não apaga o carinho que ambos guardam pelo ex-clube. “Passei a minha adolescência toda morando no alojamento da Vila, um estádio histórico. Vai ser especial pisar lá mais uma vez”, conta o atacante, que atuou pelo Peixe de 2003 a 2008. Carleto, que tem contrato com o São Paulo até dezembro de 2016 — está emprestado à Ponte Preta —, vai mais além e manifesta o desejo de voltar a defender as cores do Peixe. “Eu saí de Santos, mas a cidade não saiu de mim. Foi o clube que me criou, que me tirou dos braços do meu pai. Devo tudo que sou hoje ao Santos. Sem olhar papéis, sem olhar nada, eu aceitaria voltar”, afirma.Entre 2000 e 2001, o lateral tinha a companhia do pai, “santista doente”, no trajeto diário entre Diadema, onde sua família residia, e Santos. Pai e filho enfrentaram durante um ano e meio a dura rotina de pedir carona às margens da Rodovia dos Imigrantes para que Carleto não perdesse os treinos na categoria mirim do Alvinegro. Os bate-voltas só tiveram fim quando diretores conseguiram uma vaga para o garoto no alojamento do clube. Identificado com a cidade, ele mantém um apartamento no Canal 1.DIFICULDADES NA EUROPAA idade – 25 anos – e o passado santista não são as únicas semelhanças entre Carleto e Alemão. Na Europa, esbarraram em uma série de problemas e não conseguiram emplacar.O atacante desembarcou na Itália aos 19 anos sem a documentação exigida para jogar na liga local. A inatividade durou um ano e meio. “Saí do Santos disputando Libertadores e com um futuro promissor. Na Udinese, além da adaptação, fiquei um ano e meio sem jogar e nem ao menos treinar. Isso me atrapalhou muito”, lamenta.Na Espanha — onde também atuou pelo Elche, time que disputava a segunda divisão —, o lateral acusou um agente de lhe dar um calote e precisou contornar a deportação de sua esposa.Após deixar a Europa, a dupla rodou por diversos clubes em busca do que não teve em outro continente: sequência de jogo. Enquanto Carleto passou por São Paulo, Olímpia (PAR), América-MG e Fluminense, Alemão tentou a sorte no Catanduvense e no Guaratinguetá. Em Campinas, a parceria iniciada no CT Rei Pelé foi retomada. “O Alemão tem me ajudado muito na Ponte. Quando ele está centrado no futebol, é diferenciado”, elogia o lateral.As histórias vividas na Vila Belmiro não diminuem a vontade que os atletas pontepretanos têm de brilhar nas quartas de final do Campeonato Paulista. Eles sabem que uma vitória no duelo alvinegro encheria a Ponte Preta de prestígio na fase final da competição.Caso balance as redes, Alemão, que já marcou dois gols contra o ex-clube no ano passado, ainda não sabe como se comportar. “Não sei se vou comemorar. Espero fazer o gol, depois vejo o que acontece.”Se jogar nesta quarta, Carleto garante empenho máximo no gramado, mas adianta que não festejaria. “Todo mundo fala que o jogador tem que respeitar a camisa do clube que está vestindo. Pelo respeito enorme que eu tenho pelo Santos, eu não comemoraria.”

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